Como odiar as pessoas...

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ter, 01/09/2015

...7 passos altamente eficazes para odiar!

Há uma história sobre o poeta e ensaísta Charles Lamb do século 18, em Londres, que tinha um longo conflito com outro escritor. Os dois nunca tinham se encontrado – o conflito era conduzido pelas fofocas de um sobre o outro.

Quando um amigo se ofereceu para apresentá-lo ao seu adversário, Lamb recusou dizendo: "Eu quero continuar a odiá-lo, e não posso fazer isso com alguém que eu conheço."

Quanto mais conhecemos alguém, mais difícil é odiá-lo – e quanto menos o conhecermos, mais fácil odiá-lo. Assim, quando os nossos líderes, governantes e/ou elementos da mídia desejarem angariar apoio para a sua aventura mais recente, primeiro eles têm que desumanizar o grupo alvo.

Eles devem fazer isso, porque se fôssemos nos focar nos "indivíduos" dentro do grupo alvo, poderíamos começar a reconhecer como é a vida através dos olhos deles. E isso seria entrar na forma como nós os odiamos. Assim, os que manipulam a opinião pública precisam se assegurar para não enxergarmos as coisas através dos olhos do grupo alvo – e nem querer fazer isso.

Logo, se estamos ativamente concordando com o processo, já não os vemos como pessoas, mas como "o inimigo". Eles estão desumanizados e separados de nós, pessoas comuns, normais e, com o tempo, tornam-se o “desconhecido”. Isso ativa os nossos mais arraigados preconceitos e o medo do desconhecido e, ao invés de reconhecê-los como indivíduos de carne e osso, nós os percebemos como o desconhecido a ser temido.

Como ser sistemático sobre o ódio

Como todos os outros processos humanos há um processo totalmente sistemático para desenvolver a inimizade. E quando a gente usa a PNL para modelar o processo de como podemos conseguir, desenvolver e manter o ódio pelos outros, descobrimos que existem sete passos fundamentais.

Passo 1 - Olhe através dos seus próprios olhos

O primeiro passo para odiar é deixar de considerar como a situação se parece do ponto de vista do nosso novo “futuro inimigo". Esse é um passo crítico, porque como Charles Lamb reconheceu, é muito difícil odiar alguém se nos colocarmos no lugar dele, vermos o mundo através dos olhos dele e nos sentirmos como ele se sente. A maioria acha esse passo muito fácil. Somos egoístas por natureza e, desde o nascimento, refinamos a nossa capacidade de olhar as situações somente através dos nossos próprios olhos e das nossas próprias necessidades. ver Posições Perceptivas da PNL.

Passo 2 - Mantenha-o simples com um pensamento 'preto no branco'

Decida que há padrões absolutos de certo e errado. E que você está certo e que "eles" estão errados. Esse é mais um passo fácil, já que requer apenas um pensamento bem mesquinho. Basta tomar uma posição, decidir que é o caminho certo, e se manter firme(!).

Ao reduzir tudo em termos de preto no branco, evitamos o tédio de ter que considerar que tais absolutos podem mudar dependendo de como a pessoa percebe uma situação.

Passo 3 - Evite ser objetivo

Torne-se muito apaixonado pela sua postura mergulhando nos seus próprios sentimentos sobre a situação. Isso funciona porque o pensamento emocional bloqueia o pensamento racional ou objetivo, e assim, não seremos confrontados com detalhes inconvenientes que podem contradizer a nossa postura.

O pensamento objetivo significa não permitir que o emocional de alguém encubra a sua própria avaliação. Então, se você quiser ser alguém que odeia bem e realmente se sinta forte sobre quão correta é a sua opinião e quão absolutamente errada é a opinião da outra parte, evite ser objetivo (a terceira etapa do modelo das posições perceptivas).

Agora, os passos de 1 a 3 funcionam muito bem por iniciativa própria, mas, às vezes, é útil ter alguma "evidência racional" para a sua posição – no caso de as pessoas se oporem a sua opinião. Os próximos passos fornecem isso.

Passo 4 - Selecione cuidadosamente as suas evidências

Lembre-se que estamos visando o pensamento simplificado, o preto no branco. Por isso não queremos encobrir o problema com muitos dados. Assim você deve selecionar cuidadosamente a evidência para apoiar o seu ponto de vista e ignorar qualquer coisa que possa se opor a ele. Isso não é tão difícil como parece desde que você trate disso de maneira sistemática.

(a) Primeiro selecione o seu grupo alvo – e identifique o comportamento deles que sustenta o seu ponto de vista.

(b) Encontre dois ou três exemplos de indivíduos desse grupo envolvidos em tais comportamentos.

(c) Conclua que esses indivíduos são típicos de todo o grupo.

(d) Por último, atente para as evidências que sustentam a sua conclusão. Não demora muito para descobrir uma grande quantidade de tais evidências, mas você deve ter cuidado para evitar levar em consideração qualquer evidência contraditória, pois isso pode solapar a sua justa revolta.

(Eu concordo que isso parece complicado, mas confie em mim, você rapidamente pega o jeito. Milhões de pessoas fazem isso todos os dias – persista por uns dias e você vai descobrir como é fácil).

Vamos dizer que você está aprendendo a odiar, digamos, as pessoas "roxas"... Olhe para dois ou três exemplos vívidos de algumas pessoas roxas agindo mal e conclua que isso é típico de todo o grupo. Como mencionamos acima, você deve ter muito cuidado ao usar aqui o passo número 4. Você pode arruinar a sua capacidade de odiá-las se cair na armadilha de pensar que as ações de alguns podem não ser representativas dos milhões em todo o grupo. (Também evite aplicar a categoria “generalização” do Metamodelo da PNL).

Casualmente, as filmagens dos telejornais e dos documentários fornecem muitos exemplos. Os produtores reduzem horas de filmagens em pequenos trechos de imagens e sons que eles selecionaram para resumir uma situação complexa. É um pouco como a versão “fast-food” do pensamento. Você pode abrir e pegar um preconceito recém preparado.

Passo 5 - Evite o pensamento crítico

Esse é outro passo muito fácil. O pensamento crítico geralmente exige que você aplique uma mistura de questionamento ativo do diálogo interno e da visualização para examinar o problema de vários ângulos. Muito trabalhoso!

Você pode evitar grande parte dessa discussão simplesmente enchendo sua mente com preconceitos como no passo 5. Mas há sempre o perigo que você possa considerar um ocasional pensamento crítico.

Felizmente há uma maneira muito eficaz de garantir um pensamento não crítico sobre os seus preconceitos. Junte-se a um grupo que compartilhe do seu ponto de vista! Dessa forma você terá constante acesso a slogans prontos, estímulos e mesmo evidências selecionadas para apoiar a sua visão. Com sorte, você até pode começar a compartilhar de uma agitação inebriante ao participar de algumas manifestações.

Agora, realmente nada pode superar uma demonstração bem barulhenta para desenvolver uma sólida crença na sua causa. A multidão cria um processo agradável de pensamento de grupo no qual todos, inquestionavelmente, pensam e agem em uníssono. Um bônus adicional é que os slogans e os cantos, na verdade, bloqueiam o pensamento ativo – algo que os especialistas em controle de multidões, como Hitler, Mussolini e muitos outros utilizaram com bons resultados!

E, se você tiver sorte, vai haver algumas pessoas que se opõem à sua causa que irão gritar com você. Sorte? Claro que sim! Ter que defender a sua crença é uma ótima maneira de fortalecê-la! Se todos concordarem, você pode começar a questionar as suas crenças. Mas quando você tem que defender o seu ponto de vista contra os   céticos, isso fortalece a sua crença. Assim, aqueles que se opõem ativamente contra você são os seus melhores aliados – eles estão reforçando os seus preconceitos!

A propósito, há muitas outras maneiras de conseguir apoio que confirmam a sua atitude, especialmente se você não tiver acesso fácil a um grupo. Você pode optar por ler apenas os jornais, revistas e livros que apoiem o seu ponto de vista. Ou selecionar cuidadosamente quais são os programas de rádio e de TV que você assiste e pesquisar na web em sites, listas de e-mail e grupos de notícias que apoiem o seu ponto de vista.

(O ingrediente essencial no passo 5 é evitar o pensamento árduo – por isso é aconselhável evitar o uso do Metamodelo da PNL.

Passo 6 - Fale! Não ouça!

Tenha certeza que você fala tanto quanto possível quando estiver com pessoas que discordem de você. Esse é um passo importante, porque se você começar a ouvir o que seu oponente tem a dizer, isso pode solapar a sua certeza em seu próprio ponto de vista (a propósito, fazer quase toda a conversa também ajuda a etapa 7).

Então, se possível, continue falando porque assim elas não conseguem um aparte. Se isso se mostrar difícil, comece a gritar. Nas raras vezes em que isso também falhar e você tiver que ficar quieto, você pode subvocalizar os seus preconceitos e, ao invés de ouvi-las, ensaie mentalmente o que você vai dizer quando elas se calarem.

Aliás, se você quiser ver alguns especialistas com essa habilidade, assista como os políticos lidam com as entrevistas na televisão e, principalmente, nas discussões com seus oponentes. Excelentes exemplos a serem seguidos.

Passo 7 - Incitá-los a reagir em excesso

Essa é uma técnica maravilhosa, mas infelizmente exige algum planejamento e um pensamento estratégico – e também exige alguma prática. Você configura uma situação em que provoca a outra parte para agir de maneira a apoiar os seus preconceitos (veja o passo 4). Uma maneira simples de fazer isso é usar o passo 6 para frustrá-las.

Em um confronto, digamos em um programa de TV, certifique-se de que elas ficam tão frustradas com a sua gritaria ou com a sua recusa em responder as perguntas diretas que perdem a calma e ficam zangadas ou agressivas. Essa é uma grande tática porque quanto mais frustradas elas ficarem, mais você relaxa e parece calmo e controlado.

Então, quando elas finalmente perderem a calma e se tornarem agressivas, você só precisa mostrar ao público e à câmera o seu mais inocente “eu não disse”? (Não reserve essa técnica para ocasiões especiais; ela funciona muito bem no seu dia a dia.)

É melhor do que pensar...

Para finalizar, essa não é uma lista completa e há muitos refinamentos que podemos adicionar. No entanto, é um bom começo para desenvolver a capacidade de odiar. Os passos individuais funcionam em sincronia e o verdadeiro especialista em odiar terá desenvolvido tal competência inconscientemente que a habilidade dele parece brilhante e completamente natural.

Então, se você é um novato no jogo de odiar, deve reconhecer que ele exige apenas um pouco de prática – no entanto, você pode ficar sossegado de que é muito mais fácil do que ter que pensar por si mesmo...

Como disse o filósofo britânico Bertrand Russell: "Muitas pessoas preferem morrer mais cedo ao invés de pensar. Na verdade é o que elas fazem..."

O artigo “How to Hate People......the 7 Steps to Highly Effective Hating!" foi publicado no The Pegasus NLP Newsletter no site www.nlp-now.co.uk

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