Operadores Modais II

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qui, 24/06/2004

Na edição de Janeiro de 2000, eu afirmava que o metamodelo era o fundamento e a origem da PNL. Todos os métodos e técnicas específicos que foram desenvolvidos nos últimos 25 anos, surgiram a partir de perguntas baseadas nele, e continua sendo, ainda, de entendimento fundamental em todo o campo de PNL. Eu discuti, também, o valor de retornar para antigas distinções e reexaminá-las, a fim de ver o que mais pode ser aprendido com elas, e dei dois exemplos, submodalidades e posições de alinhamento perceptivo.

Finalmente, coloquei um conjunto de perguntas sobre operadores modais, que são uma das distinções do metamodelo, e convidei os leitores a respondê-las. Acho curioso (mas talvez não tão surpreendente) que apesar de tantas pessoas ensinarem a modelagem, e afirmarem ser modeladores, eu recebi apenas duas respostas. E é muito mais fácil responder perguntas do que fazê-las!

Aqui vão, novamente, as perguntas (em itálico) e minhas respostas (não as respostas). Em última análise, a resposta está em sua própria experiência. As palavras a seguir representam minha melhor tentativa de apontar para sua experiência, e oferecem-lhe maneiras de pensar sobre ela, organizá-la, e expandi-la. Espero que sejam úteis. Tenho certeza de que isso pode ser e será melhorado, e receberei com prazer sugestões sobre acréscimos, reformulações, etc.

Operadores Modais (OM)

  1. Que são, afinal? O que fazem, e como funcionam?

    Um OM é um "modo de operação", uma maneira de estar no mundo e relacionar-se com parte dele, ou com todo ele. Um OM é um verbo que modifica outro verbo, portanto é sempre seguido por outro verbo. "Eu preciso trabalhar." "Eu posso ter sucesso".

    Tendo-se em mente que um verbo sempre descreve uma atividade ou processo, o OM é um verbo que modifica a maneira como uma atividade é feita. O OM funciona da mesma maneira que os advérbios, e talvez devesse chamar-se advérbio. O advérbio, às vezes, precede o verbo que é modificado, e às vezes o segue, enquanto um OM sempre o precede, e isso faz parte do poder do OM. O OM estabelece uma orientação geral ou uma direção global antes de sabermos qual é a atividade. Às vezes, a pessoa diz, simplesmente, "Eu não posso" ou "Eu quero", já que o conteúdo é especificado pelo contexto. No entanto, uma vez que as próprias palavras não especificam um conteúdo ou contexto, é muito fácil generalizar a sentença para diversos conteúdos/contextos.

    O OM modula, de maneira muito significativa, nossa experiência sobre grande parte (ou o total) daquilo que fazemos. Pense em alguma atividade neutra simples, e descreva-a numa frase curta, como "olhar pela janela". Depois, diga as sentenças seguintes, para você mesmo, e tome consciência da forma como você experimenta cada uma delas, notando de que maneira sua experiência muda em cada uma delas, principalmente para onde vai sua atenção, e como você se sente:

    • "Eu quero olhar pela janela".
    • "Eu tenho que olhar pela janela".
    • "Eu posso olhar pela janela".
    • "Eu escolho olhar pela janela".

    O "modo de operação" da primeira consiste em puxar em direção à atividade, com uma sensação de prazer e antecipação. O "modo de operação" da segunda é de empurrar em direção à atividade, geralmente por trás, e quase sempre com uma sensação de não querer fazer isso.

    As duas últimas são um pouco diferentes; "posso" simplesmente dirige sua atenção para avenidas alternativas de possibilidade. Além de "olhar pela janela", outras possíveis direções chamam minha atenção. "Escolher" pressupõe essas alternativas, focalizando-se mais na experiência interna de escolha entre as mesmas.

  2. Quantas espécies, ou categorias de OM existem, e como você chamaria cada uma delas?

    Eu relacionaria as quatro categorias abaixo, agrupadas em dois pares (com exemplos):

    Motivação: As duas primeiras têm a ver com motivação.

    1. Necessidade: "deveria", "devo", "tenho que", etc.
    2. Desejo: "desejo", "quero", "preciso", etc.

     

    Opções: As outras duas relacionam-se com opções que podem ser escolhidas, a fim de satisfazer a motivação.

    1. Possibilidade: "posso", "estou apto para", "sou capaz de", etc.,
    2. Escolha: "escolho", "seleciono", "decido", etc.

     

    Desejo e/ou necessidade motivam-nos a agir e a mudar, e possibilidade e/ou escolha tornam isso possível. Agrupadas dessa maneira, podemos notar imediatamente que as pessoas, na maioria das vezes, começam com a motivação e depois procuram opções. Começar com opções, e depois testar quais são as desejáveis é muito menos frequente.

    Reserve um momento para experimentar esta diferença básica. Imagine, por um instante, que você sempre começou com motivação e depois examinou cuidadosamente as opções...

    Agora imagine que você sempre começou por examinar as opções e depois testou a motivação. Trata-se de mundos muito diferentes...

    OMs de necessidade e de (im)possibilidade são os que recebem mais ênfase em muitos treinamentos de PNL, porque frequentemente eles são a base de limitações significativas. Muitas vezes, as pessoas sentem-se perplexas e presas por "tenho que’s " ou "não posso’s" e essas são as espécies mais óbvias de crenças limitadoras das pessoas.

    OMs de desejo e escolha nem sempre são enfatizados, e às vezes são até ignorados, mas eles são igualmente importantes, e são como uma imagem no espelho da necessidade e da impossibilidade. Por exemplo, quando alguém experimenta um "tenho que", geralmente isso é desagradável, e ele quer ter outras escolhas. Colocados de outra forma, "tenho que" e "impossível" são equivalentes a "impossível escolher outras alternativas mais desejadas."

    Importância: Considerando-se que escolher entre possibilidades alternativas, alinhadas com nossas necessidades e desejos, é fundamental para nossa sobrevivência e felicidade, qualquer limitação ou redução dessas capacidades irá limitar significativamente nossa capacidade de viver bem. Todas as crenças em nossas capacidades têm um OM, e muitas limitações têm um OM de necessidade ou uma negação de outro OM.

    Esse é o tipo de diferença que os OMs não somente descrevem, mas também criam, à medida que falamos internamente conosco mesmos. Essa pode ser a diferença crucial entre alguém que vive uma vida sentindo-se incapaz, vítima impotente dos acontecimentos, e alguém que experimenta um mundo cheio de expectativa e oportunidades de satisfação das necessidades e desejos.

    Trabalhar no nível dos OMs, e das crenças sobre as quais eles estão estabelecidos, é algo de abrangência consideravelmente maior do que trabalhar no nível de conteúdos de uma limitação em particular e, devido a isso, todas as mudanças que forem feitas serão muito mais amplamente generalizadas.

    Intensidade: Cada uma dessas categorias inclui palavras diferentes, que expressam vários graus de intensidade – embora as pessoas frequentemente limitem a si mesmas reduzindo esse largo espectro a uma simples distinção digital ou/ou. Além das palavras usadas em cada categoria, a expressão não verbal também pode indicar o grau de intensidade, e essa mensagem não verbal é, muitas vezes, muito mais confiável do que palavras.

    1. Necessidade – tem um âmbito de intensidade relativamente estreito, mas há uma diferença bem definida entre "devo obrigatoriamente", "devo" e "deveria." Considerando que muitas pessoas pensam que "devem" fazer coisas que raramente ou nunca fazem de fato, existem "necessidades" que são menos absolutas.
    2. Desejo – tem, talvez, a mais ampla variação de intensidade, indo desde uma leve inclinação até o vício de fumar!
    3. Possibilidade - não é uma distinção digital ou/ou, como às vezes se ensina, (possível/impossível) mas pode variar amplamente, desde o muito provável (quase certo) até o muito improvável (improvável, mas ainda possível).
    4. Escolha – pode, também, ser reduzida artificialmente a um simples e limitante ou/ou (e existem algumas circunstâncias em que isso é, talvez, uma perfeita descrição da situação). Mas, geralmente, existe uma vasta gama de escolhas, uma multiplicidade de opções, não somente do que fazer, mas de como, onde, quando, com quem e porque fazê-lo.
  3. Como estão ligados entre si, ou relacionados? (Eu encontrei duas grandes maneiras, uma inerente e outra opcional.)

    Ligação inerente. Escolha e necessidade pressupõem, ambas, possibilidade, mas desejo, não. É ridículo dizer que uma pessoa pode escolher ou deve fazer algo impossível.

    Essa ligação inerente pode ser muito útil. Por exemplo, às vezes uma pessoa é torturada pelo pensamento de que deveria fazer ou escolher algo que realmente não é possível para ela – pelo menos no momento – mas ela não se dá conta dessa contradição lógica.

    Para trabalhar com essa situação, primeiro pode-se acompanhar o "deveria" ou o "escolher" e até reforça-los. "Então, você realmente acredita que deveria fazer X." Depois, estabelecer em sua experiência que é impossível fazer X (pelo menos agora, no estado atual de desenvolvimento, finanças, etc.).

    Após essa preparação, pode-se colocar os dois juntos, perguntando: "Como é que você pensa que deve fazer X, quando você sabe que isso é impossível?" Se a preparação foi feita de maneira completa, esta é uma daquelas situações em que você quase pode ver sair fumaça dos ouvidos do cliente, uma vez que as duas crenças colidem, a contradição torna-se aparente, e o "devo" (e o problema) fenece.

    No entanto, o desejo não pressupõe possibilidade; muitas vezes, nós desejamos coisas que não são possíveis. Este fato é fonte de muita miséria humana, pois desejar algo que não é possível é muito frustrante. Mas, também, é fonte do progresso humano, quando estamos motivados a procurar e descobrir maneiras para fazer aquilo que anteriormente não era possível.

    Ligação opcional: Alguns tipos de ligação não são inerentes, mas aprendidos.

    1. Na primeira, as pessoas simplesmente combinam OMs sequencialmente. "Eu tenho que escolher", é bem diferente de "Eu quero escolher, ou "Eu posso escolher," (um pouco redundante, uma vez que escolher pressupõe possibilidade, mas não reforça o senso de capacidade da pessoa.). As pessoas frequentemente dizem: "Eu quero ser capaz de", ou "Eu preciso escolher," ou "Eu deveria", mas existem muitas outras combinações que as pessoas usam raramente, como, "Eu sou capaz de não querer," ou "Eu escolho não ter que," e algumas dessas transmitem muito poder. Naturalmente, uma coisa é reconhecer essa espécie de possibilidade, e outra é acessar ou criar uma experiência congruente da mesma. Contudo, o reconhecimento da possibilidade é um primeiro passo muito útil para ampliar a escolha.

      Com quatro categorias de OMs, e incluindo suas negociações, existem 64 possibilidades dessas duas ligações de dois passos (inclusive a repetitiva "escolher o escolher" e "escolher o não escolher", etc.). É muito útil escrevê-las sistematicamente e experimentá-las em algum conteúdo trivial, descobrir como cada uma modifica sua experiência. Algumas parecerão familiares e "sensatas," mas as outras, que parecem estranhas ou bizarras, são as que mais nos ensinam, porque elas expandem seu mapa do que é possível – mesmo se algumas não forem particularmente úteis. Essa é uma grande maneira de sensibilizar a si próprio para o impacto de como você e seus clientes fazem as ligações dos OMs, e de experimentar o impacto das ligações que você raramente usa, ou nem sequer pensa em usar.

    2. Uma segunda (e muito semelhante) espécie de ligação consiste em ligar dois OMs sequencialmente, numa corrente de causa/efeito "se - então", como, "Se eu quiser, então eu posso" ou "Se eu tiver que, então eu não..." Descobrir como uma pessoa liga tipicamente os OMs de modo causal nos dá informações muito valiosas sobre a maneira como sua experiência é limitada, e que tipo de situação poderá ser problemática. Essas ligações, como muitas generalizações, muitas vezes não são contextualizadas, e facilmente se tornam crenças globais que são aplicadas em muitos conteúdos e contextos diferentes.

      Mais uma vez, a maioria das pessoas usa tipicamente certas ligações, e outras não. Muitas das ligações menos frequentes podem transmitir muito poder. "Se eu escolher, eu farei", "Se eu tiver que, eu desejo." "Se eu quiser, eu não tenho que". É claro que algumas dessas ligações são muito mais úteis do que outras. No entanto, se alguém usar somente algumas escolhas dentre as 64, essa é uma limitação muito séria daquilo que é possível para elas, enquanto experimentar essas possibilidades não usadas pode transmitir muito poder.

      Seria muito fácil criar um simples teste escrito, pedindo às pessoas que completassem uma série de sentenças, como: "Se eu quiser, eu ..." e depois verificar as respostas em busca de combinações limitadoras e padrões significativos.

      A si próprio / A outros: Na discussão acima, pressupomos que a pessoa aplica os OMs a si mesma. Se acrescentarmos outra pessoa na relação, podemos obter outras 64 combinações, tais como, "Se você quiser que eu... , eu tenho que...," ou "Se eu exigir, você deverá..." As aplicações para terapia de casais ( esteja ou não o outro membro do casal presente) são óbvias.

      Embora as ligações de dois operadores modais sejam muito frequentes, uma ligação de três não é incomum, e até mais são possíveis. "Se eu tenho que, eu posso escolher querer..." Aqui existe uma variedade maior de possibilidades (512) e a maioria de nós usa apenas algumas delas.

      É um alívio compreender que a gente não precisa memorizar todas essas muitas possibilidades. Começando com o reconhecimento de que essas podem ser muito importantes, e com alguma prática sistemática em sensibilizar suas percepções, você pode simplesmente reconhecer uma ligação, e tentá-la em sua própria experiência, para descobrir o seu impacto.

      Com mais de uma outra pessoa, como nas famílias, isso se torna ainda mais complicado – e interessante. "Se ele diz que eu tenho que X, mas ela quer Y, eu não posso fazer Z." (aqui existem 512 possibilidades adicionais!).

  4. Que tipo de motivação é indicada por cada OM?

    Necessidade e desejo são as motivações mais claras. O desejo sempre nos empurra em direção ao objeto dele. A necessidade aparentemente nos puxa em direção a alguma coisa, mas com mais frequência ela nos afasta daquilo que aconteceria se nós não fizéssemos algo. Naturalmente, muita motivação inclui ambos os aspectos, mas é útil separá-los, a fim de pensar sobre eles. Os OMs que um cliente usa tipicamente podem alertar-nos em relação ao que ele está notando ou experimentando, e o que está deletando de sua experiência motivacional.

    Possibilidade e escolha não indicam uma motivação em particular. Podemos escolher atividades possíveis tanto a partir do desejo como da necessidade (ou de ambos). Por outro lado, se não tivéssemos necessidades ou desejos, possibilidade e escolha seriam totalmente irrelevantes, e assim sempre há alguma motivação pressuposta ou implícita quando usamos palavras que se referem a possibilidade e escolha.

  5. Como pode cada tipo de OM ser compreendido como indicador de um tipo específico de incongruência?

    Todos os OMs expressam aquilo que se pode chamar de um estado de coisas irreal. Todos eles indicam uma situação que não existe (no momento), mas que poderia existir no futuro (ou pode ser imaginada como acontecendo no futuro, mesmo se for impossível na realidade), o que indica incongruência sequencial.

    Se você tem que, isso significa que você ainda não tem. (Se você já fez isso, você não tem que.) Mesmo no tempo passado, "Eu tinha que" expressa a situação no momento em que se tem que, e não a ação subsequente. Numa ação repetitiva que alguém tenha que fazer, como respirar, por exemplo, o que se tem a fazer é tomar a próxima respiração, não a anterior.

    Da mesma maneira, se você deseja algo, você ainda não o tem. (Se você já tivesse isso, você poderia usufruir dele, mas não desejá-lo).

    Se alguma coisa é possível, isso significa que ela é potencial, mas não real. "Eu posso fazer isso" é bem diferente de "Eu fiz isso." É claro que, ter feito alguma coisa é uma base poderosa para presumir que eu posso fazê-la no futuro. Essa é a razão porque pode ser muito útil instalar uma mudança no passado, de modo que seja experimentada como já tendo acontecido. Alguns de nós costumávamos caçoar do "movimento do potencial humano", que tudo era potencial, e com muito pouco movimento (e um pouco, também, não era muito humano!).

    Na hora de escolher, a atividade escolhida ainda não aconteceu. (mesmo escolher entre coisas, ao invés de atividades, implica em algum tipo de atividade em relação a elas.) Na escolha sempre há uma incongruência adicional, pois somos ao mesmo tempo impulsionados (ou empurrados) na direção de duas ou mais alternativas. Ao escolher uma, aquela que não é escolhida fica perdida, e sejam quais forem as necessidades ou desejos, a alternativa que seria satisfeita tem que ficar insatisfeita, pelo menos temporariamente.

  6. Que tipo de incongruência é indicado por uma pessoa quando ela usa um tipo de OM verbalmente e expressa outro tipo não verbalmente.

    Isso geralmente indica uma incongruência simultânea entre as palavras conscientes (verbal) e o inconsciente (não verbal), embora uma pessoa também possa expressar o não verbal sequencialmente. Se uma pessoa diz, "Eu posso fazer isso", com uma voz lamentosa e ombros caídos, (ou segue sua afirmação com esses não verbais) é muito possível que ela não acredite realmente nisso, e não vai fazê-lo. Como em todo o trabalho de PNL, o não verbal é frequentemente um indicador muito melhor dos aspectos inconscientes do comportamento, e daquilo que realmente está acontecendo. Como costumava dizer John Grinder: "Todas as palavras devem ser tomadas como rumores não substanciais, a menos que confirmadas pelo comportamento não verbal". O OM verbal pode ou não ser um indicador confiável do OM real que está sendo experimentado. Sensibilidade aos indicadores não verbais do OM possibilita-nos informações mais confiáveis sobre a experiência do cliente.

    Há um exercício útil de treinamento que usamos durante anos, que pode sensibilizar os participantes do treinamento tanto para os OMs verbais como não verbais. Em grupos de 3, uma pessoa diz uma sentença, usando um tipo de OM (ou sua negação) verbalmente, enquanto simultaneamente expressa uma espécie diferente de OM (ou sua negação) não verbalmente. Um dos outros no trio identifica o OM verbal, e o outro o OM não verbal – e depois cada um dos outros identifica ambos. O mesmo exercício pode ser modificado, pedindo-se à pessoa que diga uma frase com um OM, e depois sequencialmente expresse outro OM não verbalmente, para sensibilizar os participantes do treinamento para isso.

  7. Como pode ser útil mudar a experiência de uma pessoa, sugerindo a substituição de um operador modal por outro, e por que isso é útil?

    Um OM, da mesma maneira que uma sugestão de acesso, é tanto o resultado de um processo interno como uma maneira de eliciá-lo. Pedir a uma pessoa que diga: "Eu não quero –" ao invés de "Eu não posso" – era uma das maneiras prediletas de Fritz Perls fazer com que as pessoas assumissem maior responsabilidade pelas escolhas implícitas que faziam, com que sentissem mais poder ao reconhecer sua capacidade de escolha, abrindo o caminho para fazer escolhas de maneira diferente.

    Às vezes, mudar um OM provoca uma mudança congruente na atitude, imediatamente.

    Com mais frequência, um cliente experimenta incongruência. Mas, mesmo então, pode ser uma experiência muito útil, que oferece pelo menos um sinal de uma maneira alternativa de viver no mundo. O cliente pode tentar e descobrir como seria, se fosse verdade para ele. As objeções que surgem oferecem informações valiosas sobre que outros aspectos das crenças de uma pessoa precisam de alguma atenção, a fim de realizar uma mudança apropriada e duradoura.

  8. Em uma experiência de completa e total congruência, qual é o OM que entra em operação?

    Esta é minha pergunta favorita. Pense numa situação em sua vida, em que você experimentou total congruência ao fazer algo. Quando você estiver totalmente congruente, é possível, você quer, você escolhe e, paradoxalmente, você também tem que fazer (você realmente não poderia fazer algo diferente!). Assim, a resposta é todos eles (ou, até nenhum deles). Ou, de outra forma, com um sabor místico, não se trata de um modo de operação (que sempre indica pelo menos alguma tendência e incongruência), mas está simplesmente operando, pura e simplesmente, "Eu estou fazendo" sem qualquer modulação.

  9. O que mais podemos predizer sobre a experiência de uma pessoa, quando ela usa um OM?

    Eu lancei esta pergunta aberta, na esperança de aprender algo novo. Mas com apenas duas respostas, não tenho muito a reportar. Quando a educação não é uma via de duas mãos, é possível que se torne uma rua sem saída. Uma de minhas citações favoritas tem sido, recentemente, a seguinte: "Nenhum de nós é tão esperto quanto todos nós". Após a apresentação acima, que mais você pode predizer agora? – Ou, como você melhoraria isso que apresentei? Bom proveito.

Publicado na Anchor Point de janeiro 2001
Trad. Hélia Cadore.

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