Você sente o que eu sinto?

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qua, 18/10/2006

Quando eu lecionava Introdução à Psicologia para os primeiros anos da faculdade, no fim dos anos 60, um dos assuntos era percepção das cores. Uma vez que eu tinha bem mais de 100 estudantes e a incidência de daltonismo (cegueira para cores) é mais ou menos 5% entre o sexo masculino, havia usualmente dois ou três estudantes com déficit de percepção de cores, em cada semestre. Embora alguns desses estudantes já soubessem de sua deficiência, alguns ignoravam-na. Era fascinante observar a sua descrença inicial e o choque se diluindo à medida que eles começavam a notar que outras pessoas tinham uma experiência muito mais vívida e intensa do que a deles, em relação ao verde e ao vermelho - uma experiência que eles nunca poderiam conhecer.

Existem pelo menos dois outros exemplos que indicam fortemente que específicos déficits de processamento limitam severamente o que algumas pessoas podem fazer:

1. Déficit de atenção. Enquanto algumas pessoas sob essa classificação podem ser auxiliadas por uma variedade de métodos de PNL, a outros pode faltar a neurologia para "fechar" os circuitos que permitem a maioria de nós "desligar" estímulos irrelevantes de forma que possamos manter a atenção naquilo que é importante para a tarefa que estamos realizando. Por causa disto, apenas as situações mais simples estão livres de confusão e caos, e da resultante tempestade de sensações.

2. Autismo. Embora exista uma gama de severos sintomas de autismo, aparentemente muitas pessoas autistas simplesmente não tem a capacidade de entrar na experiência de outros para intuir seus prováveis sentimentos, motivações e incongruências. Por causa disto, os outros seres humanos são sempre um quebra-cabeças para eles.

Muitas vezes eu pensei sobre a abrangência desses exemplos, particularmente em relação aos sentimentos. Nós usualmente assumimos que os outros têm mais ou menos a mesma experiência quando usamos palavras como "cansado", "alerta", "motivado", "zangado". Mas podem haver pessoas cujos estados internos quando estão "motivados" são diferentes dos meus, assim como, a experiência do "vermelho" para os daltônicos. Eu sei o quão pouco eu posso realizar no fim do dia quando eu estou cansado e meu cérebro está "oco". É totalmente possível que algumas pessoas se sintam assim quando usam as palavras "alerta" ou "motivada". Pensando sobre o quão pouco eu poderia realizar se este estado fosse o meu melhor, me leva a pelo menos ser um pouco mais tolerante com aqueles que tem dificuldade de realizar coisas que para a maioria de nós são simples e fáceis.

Com certeza, seguidamente, uma simples intervenção de PNL na estratégia de motivação, ou ancorando estados de tenacidade, ou resolvendo um conflito entre partes com diferentes objetivos, e etc., possibilitará a estas pessoas atingir o que elas querem.

Mas também pode ser o caso de que a sua fisiologia seja tão diferente que nem uma dessas intervenções fará muita diferença. Esta possibilidade não deve nos impedir de tentar tudo o que imaginamos que se possa fazer, mas sim levar-nos a fazer tudo com um pouco mais de humildade.

Steve e Connirae Andreas começaram NLP Comprehensive em 1979. Junto, eles editaram e escreveram vários livros de PNL bem conhecidos, incluindo Sapos em Príncipes, A Essência da Mente e A Transformação Essencial.
www.steveandreas.com

Publicado na Anchor Point de Jul/98.
Publicado no Golfinho Impresso Nº43 - Ago/98
Trad. Hélia Cadore

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