Gestalt: A arte do contato

Livro do Mês - Março de 2011

capa "Escarafunchando Fritz, dentro e fora da lata do lixo". O velho Fritz: lá se vão uns trinta anos quando li essa obra de título abusado e assunto sério, publicado pela Summus Editorial de autoria de Friedrich Salomon Perls. Foi o primeiro contato deste comentarista com a Gestalt-terapia. Depois, na mesma coleção, apareceu "Sapos em Príncipes", e foi então que me encantei com a "magia" da nossa subjetividade... e eu e tantos outros nos envolvemos com a Programação Neurolinguística... que ainda não era bem PNL. Estava desabrochando.

O velho Fritz. Nasceu nos idos de 1893 num gueto judeu de Berlim. Da mãe recebeu sua paixão pela ópera e pelo teatro. Do pai, quase sempre distante, a intimidade com o vinho. Aluno brilhante, expulso da escola aos 13 anos. Anos depois obtém o doutorado em medicina. Neuropsiquiatria, esquerda política e boemia.

Em 1926 conhece Karen Horney, psicanalista que pregava pioneiristicamente a possibilidade da autoajuda. Fritz encanta-se com a psicanálise. Estabelece-se como psicanalista na capital alemã. Mas em 1933 em função da política antissemita dos nazistas inicialmente vai para a África do Sul.

Está casado com Lore (Laura) Posner, com quem terá uma grande e descontínua relação profissional e sentimental – e dois filhos. Médico militar na Segunda Guerra – e em 1946, aos cinquenta e três anos, transfere-se para os EUA.

Fritz abandona a psicanálise, mas não o charuto. Funda a Gestalt-Terapia. Viagens pelo mundo, Israel. Idolatrado pela contracultura. Casamentos, descasamentos – e Esalen. Allan Watts, Ida Rolf, Gregory Bateson, Virginia Satir. Entre os discípulos Cláudio Naranjo e tantos outros interessados pelo desenvolvimento humano. Seminários, muitos seminários. Gravados.

Morre em 1970, o que não impede, tempo depois, que um rapaz universitário, Richard Bandler, e em seguida, um professor de linguística, John Grinder, o modelem (modelagem) – através das gravações cinematográficas deixadas pelo velho Fritz.

Nascia a Programação Neurolinguística, ao menos o metamodelo da PNL.

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O livro Gestalt: A Arte do contato, Editora Vozes, Petrópolis/RJ, de autoria de Serge Ginger, que tem como subtítulo "Nova abordagem otimista das relações humanas" é uma obra de leitura aprazível para se conhecer o nascimento da Gestalt-terapia, e de seu genial criador Fritz Perls. O autor, fundador da Escola Parisiense de Gestalt junto com a esposa, Anne Peyron Ginger, colaboradora efetiva no desenvolvimento do livro, esmiúça com muita criatividade o nascimento dessa escola terapêutica, e desenvolve sua abordagem pluri dimensional com um pentagrama que facilita a compreensão do leitor.

Em 270 páginas Serge Ginger vai adentrando, com raro didatismo, o que é a gestalt, a revolução gestaltista, história e geografia da gestalt, a teoria do self, gestalt-pedagogia e sócio-gestalt, o cérebro e gestalt, o sonho em gestalt, o corpo e as emoções, o corpo também mente, pulsões vitais: agressividade e sexualidade, os fantasmas e o casal perfil da personalidade, mecanismos de defesa, Freud e Perls, noções básicas da gestalt, a abordagem holística do ser humano, a criatividade e o imaginário, o indivíduo no grupo. E técnicas muitas técnicas, ilustrações, além de um capítulo, o terceiro, em que esboça uma belíssima biografia do pai da Gestalt, e um dos avós da Programação Neurolinguística: o genial Friedrich Salomon Perls.

João Nicolau Carvalho, colaborador de Golfinho

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