Manuseio da Memória - mude o conteúdo das suas memórias

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qua, 06/04/2016

Vamos começar com algo tão óbvio que uma vez que você o entenda, vai ficar chocado como tantas pessoas parecem não saber como controlá-lo.

Eu tenho uma amiga que tinha fobia de minhocas, uma fobia não muito comum e que, na realidade, não tem muito sentido.

Não me lembro de alguém ter sido atacado por uma minhoca. Nem de ter lido nos jornais sobre uma morte causada por minhoca e eu, pessoalmente, nunca tive uma experiência infeliz com minhocas, mas enfim – ela tinha medo de minhocas.

Aí, quando consegui parar de rir, tive que perguntar o que aconteceu que a fez ter medo de minhocas porque quando eu penso nas minhocas ou vejo uma minhoca, a minha reação é, bem, algo que não surpreende.

Então, isso foi o que ela me contou:

Sempre que estou trabalhando no jardim, se eu colocar uma pá no chão e começar a levantar a terra, eu visualizo na minha mente, uma minhoca aparecendo na pá.

É uma minhoca gorda realmente grande, muito maior do que uma minhoca normal, mais parecida com uma cobra de tamanho razoável.

Eu posso vê-la toda suja de lama.

Então, quando eu levanto a pá, a minhoca se vira, muito rapidamente e vem voando na direção do meu rosto, me sujando de lama. Às vezes, ela acaba na minha boca.

Argh. Agora eu entendo porque ela não gosta de minhoca!

Assim, embora esse evento nunca tenha acontecido na realidade, estava "todo na cabeça" dela, e a ideia era tão horrível que ela acreditava inconscientemente que isso iria acontecer se ela mexesse na terra do jardim.

Um ponto importante aqui é que o seu cérebro não é tão inteligente como você pensa que é e, em algumas pessoas, nem mesmo tão inteligente! De fato, seu cérebro não pode realmente dizer a diferença entre o que acontece do lado de fora e o que acontece no seu interior.

O cérebro da minha amiga reagia à ideia de uma minhoca voando na direção do seu rosto, exatamente da mesma forma que ela teria reagido se fosse um evento comum, e que provavelmente aconteceria quando ela cavasse o jardim.

Mas não se preocupe, porque existe uma importante diferença entre o interior e o exterior – você pode mudar as coisas no interior.

E se em vez de visualizar uma minhoca voando na direção da sua boca toda vez que ela pegar numa pá, a minha amiga visse uma minhoca aparecer na terra, sorrir para ela, agradecer-lhe por ajudá-la a aparecer na superfície, e depois rastejar de volta para  o seu caminho.

Será que ela ainda estaria com medo? E se essa imagem fosse menos lógica do que a imagem da minhoca voando?

Definitivamente não – em ambos os casos, porém, se ela fizer a imagem demasiada "afetada", ela pode trabalhar no jardim apenas para desenterrar minhocas – especialmente se ela estiver um pouco solitária.

Agora, antes de transformar isso em uma técnica precisamos abordar alguns elementos simples de PNL.

Em primeiro lugar, sempre que se lembrar de uma memória, você lembra do evento usando representações dos seus sentidos. (bem, o que mais tem lá?) Você lembra o que viu, o que ouviu, o que sentiu (interna e externamente), o que cheirava e o gosto que você sentiu.

Para a maioria dos casos, estamos interessados apenas em três dos cinco sentidos. Eles são referidos em PNL como modalidades, e as três em que estamos interessados são modalidades visual, auditiva e cinestésica (sensações sentimento/corpo).

Além disso, sempre que você se lembrar de uma memória, só estará se lembrando da representação da memória – você não está se lembrando do que realmente aconteceu. Estará se lembrando do que se lembra de ter acontecido, porém através dos filtros das suas crenças.

Até certo ponto, você estará lembrando o que aconteceu de uma forma que permita não ter que questionar o que pensa sobre si mesmo. Em outras palavras, se você acreditar que não tem confiança e se lembra de alguém falando com você de um modo esquisito antes dele se retirar grosseiramente de um evento social, então você provavelmente chegará à conclusão de que foi culpa sua, porque estava sendo chato, porque você estava berrando e o barulho intimidou ele – você chegou à conclusão que tudo isso combinava com as suas crenças sobre você mesmo.

Então, de volta à técnica. Vou descrevê-la de forma simplificada e dar alguns exemplos e ideias, e depois você pode explorá-la como quiser.

Exercício 1:

Imagine alguém que faz você se sentir desconfortável, alguém que o faz se sentir pequeno e insignificante, alguém com quem você tem dificuldade em lidar. Alguém com quem você acha difícil se comunicar, ou alguém que sempre parece estar em vantagem e que restringe as maneiras que você pode reagir. Acho que você entendeu.

Agora pense em como lidar com essa pessoa em algum momento no futuro. Certo, agora você provavelmente estará fazendo uma imagem dessa pessoa na sua mente.

Se não, ou se tiver dificuldade em criar a imagem na sua mente, então imagine uma foto dessa pessoa no lugar da imagem. Então, que tipo de imagem você fez?

Pense por um momento, se essa imagem fosse verdadeira que elemento dela faria você se sentir desconfortável? Por exemplo, se a pessoa na imagem for muito maior do que você, se a imagem for muito barulhenta ou se tiver uma expressão facial desagradável, em qualquer um desses casos, isso seria assustador.

Imagine se um boxeador, antes de uma luta, fizesse uma imagem sua lutando contra um oponente, mas o oponente imaginado teria algo como 2 metros de altura. Acho que a confiança nele mesmo não seria muito forte e a chance de ganhar a luta muito pequena.

Normalmente existe alguma coisa não realista na imagem que você faz – alguma coisa que na vida real seria assustador.

Existem diversas maneiras para mudar a forma como essa representação nos faz sentir. Para mudar a realidade, podemos lançar mão das submodalidades, mas por ora vamos nos concentrar no 'conteúdo' da memória.

Então, como primeiro passo, pense em algum momento em que você vai lidar com essa pessoa que o incomoda, e observe o que não é realista na imagem e torne-a realista. Por exemplo, se você imagina a pessoa sendo exageradamente alta, reduza-a para ficar menor.  Um por um, mude todos os elementos irrealistas na imagem para tornar a imagem mais normal.

E depois, como passo dois, coloque essa imagem um pouco mais afastada, e faça algumas coisas não realistas. Por um momento, concentre-se no rosto da pessoa e coloque nela um grande nariz vermelho de palhaço. Como se parece a pessoa com esse nariz? E como essa pessoa fica colocando um terno e um chapéu de palhaço? Que tal ela colocar aqueles grandes sapatos de palhaço? Será que ela ainda parece tão rabugenta?

E aí, o que aconteceu? Realmente é muito simples.

Se você vê alguém com nariz de palhaço, você tende a não levá-lo muito a sério, e é exatamente isso o que você fez na sua cabeça. Esse é um exemplo perfeito de uma generalização. Nós generalizamos que o nariz de palhaço sempre significa que alguém não será levado a sério.

Para qualquer um cujos pais morreram esmagados por uma multidão de palhaços, aceite as minhas condolências, e descubra outro personagem para não levar a sério: personagens de desenho animado, celebridades sem importância e lutadores de WWE são bons exemplos.

Muitos leitores podem já ter se deparado com ideias semelhantes, como por exemplo, os oradores nervosos que se exercitam imaginando a plateia sem roupas para tornar mais fácil fazer uma apresentação.

Alterar o conteúdo, especialmente de uma forma engraçada, pode fazer uma enorme diferença no estado da mente que a memória criou.

Essa técnica também funciona em todas as outras modalidades – auditiva (audição), cinestésica (sensação), gustativa (paladar) e olfativa (cheiro) – embora eu esteja me esforçando para descobrir um exemplo baseado no sentido do paladar.

Então, vamos fazer o mesmo exercício usando a modalidade auditiva.

Exercício 2:

Entre as pessoas que o incomodam encontre uma que faz você se lembrar que ela tem uma voz realmente desconfortável. Uma voz que faz você se encolher de medo, ou uma voz irresistível ou uma que se parece com a broca de dentista.

E aí, o que acontece se você mudar a voz dela? Se você se lembrar de alguém que tem uma voz profunda e autoritária, o que acontece quando você o imagina criando problemas para você com uma voz soando como a do Pato Donald?

Também é bastante divertido acelerar a voz de alguém até que ela fique parecida com a dos "munchkins" (pato - personagem de um jogo, NT). Se existe alguém que lhe aborrece porque a voz dele parece golpeá-lo reiteradamente, então tente torná-la mais lenta.

Pense em outras maneiras em que você pode mudar a voz de alguém e faça testes para descobrir quais as mudanças lhe afetam mais.

Exercício 3:

Então, agora vamos colocar tudo isso junto. Lembre de cinco pessoas com as quais você tem dificuldade para lidar. Pense na próxima vez em que você provavelmente terá que lidar com elas.

Usando alucinações visuais e auditivas, faça-as ficar mais fáceis de lidar com elas. Para começar, abaixo estão algumas ideias de mudanças para fazer isso.

Mudanças visuais

  • Nariz de palhaço, roupa de palhaço, sapatos de palhaço
  • Vista-as como a Shirley Temple – se não lembra quem é, você é um sortudo
  • Torne-as instáveis
  • Mude o cabelo delas – para um estado deplorável
  • Homem usando vestido
  • Um grande pé achatado
  • Que tal uma grande cabeleira toda crespa
  • Um grande bigode com pontas torcidas – especialmente nas mulheres
     

Mudanças auditivas

  • Coloque a voz delas igual a do Pato Donald
  • Uma palavra - Hélio (o gás quando inalado distorce a voz, NT)
  • Adicione uma trilha sonora para a memória
  • Faça-as gaguejar ou torne-as hesitantes
     

Até aqui, temos lidado com a mudança do conteúdo alterando os elementos visuais e auditivos. Agora podemos realizar um exercício semelhante na modalidade cinestésica.

Exercício 4:

Lembre de alguém que o incomoda e imagine-o de pé na sua frente. Agora, em vez de alterar detalhes sobre o seu 'oponente' você vai mudar a sua própria cinestesia.

Enquanto você vê o seu 'oponente' através dos seus próprios olhos, imagine você ficando mais e mais alto. Imagine os seus ombros ficando maiores.

Como se sentiria se fosse o 'incrível Hulk': as suas roupas começam a esticar e os seus músculos expandindo em todas as direções?

Então, quando você se elevar sobre ele, observe-o encolhendo e, em seguida, solte fogo pelas narinas e rosne para ele.

Faça-o encolher até que fique tão pequeno que você pode dar um passo para frente e esmagá-lo com uma estrondosa pisada. Abra a boca e sinta a força da sua voz achatando-o. Isso o faz se sentir bem?

Conclusão

Quanto mais você trabalhar com essas técnicas, mais fácil elas se tornarão. Você também vai se tornar mais consciente do que o seu cérebro está fazendo que torna com que essas pessoas sejam tão difíceis de se lidar.

E não se surpreenda se você descobrir uma mudança específica que realmente faz isso por você. Algumas pessoas acham que as mudanças em uma modalidade específica funcionam melhor para elas. E isso só se aplica às pessoas? Claro que não!

Tente aplicar as mesmas técnicas para outras coisas que fazem você se sentir desconfortável. Estou pensando em aranhas de calças justas listradas e fazendo apresentações na frente de uma plateia em que todos parecem ratos!

Apenas use a sua imaginação!

O artigo original "NLP Memory Manipulation - Change the Content of your Memories" encontra-se no site www.planetnlp.com

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