Uma breve história das Linhas do Tempo

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qua, 27/03/2019

Participantes dos nossos seminários nos perguntam, muitas vezes, como um padrão específico da PNL se desenvolve. Se pudermos acompanhar como os novos padrões evoluem, podemos ajudar a apontar o caminho para novas descobertas e desenvolvimentos úteis.

Cada padrão tem muitos antecedentes, e a maioria deles continua a ser desenvolvida e aperfeiçoada após os primeiros sucessos. Os filósofos já refletiam sobre o tempo há milênios, antes mesmo de Heráclito ter dito que "Você não pode pisar no mesmo rio duas vezes", há cerca de dois mil anos atrás. Mais recentemente, o livro Imagination and Thinking, de Peter McKeller, incluiu ilustrações detalhadas sobre as diferentes maneiras que o fluxo do tempo é representado pelas pessoas como os vários tipos de linhas ou de caminhos no espaço.

As pessoas já reconheciam, séculos atrás, que pessoas diferentes tendem a ser mais orientadas para o passado, para o presente ou para o futuro. O livro de Edward T. Hall, The Silent Language, inclui abundantes exemplos -- tanto individuais como culturais -- sem alusão de porque existem essas diferenças.

Os treinamentos de PNL do início dos anos 1980 incluíam as categorias de "no tempo" e "através do tempo", como aspectos relativamente fixos da "metaprogramação" de uma pessoa, novamente sem explicações sobre a estrutura experimental subjacente.

O conceito de submodalidades fazia parte da PNL desde o final da década de 1970, mas eram apresentadas principalmente como uma forma de reforçar as experiências. Apesar da associação/dissociação ser o elemento chave em muitos dos mais eficientes padrões da PNL que haviam sido ensinados por anos, isso não foi claramente descrito como uma troca de submodalidade. Foi somente em 1983 que Richard Bandler começou explicitamente a revelar a estrutura das submodalidades em geral. Ele ensinou como trocas de submodalidades poderiam ser usadas para mudar os hábitos (padrão swish), mudança de crenças, e criar motivação ou entendimento, e como limites das submodalidades poderiam ser usados para quebrar padrões bloqueados como compulsões, ou para bloquear novas mudanças. Em suma, ele esboçou como as submodalidades englobam uma forma de compreender a estrutura subjacente de toda experiência.

Ficamos tão impressionados com o poder e a produtividade dessa abordagem que imediatamente começamos a nos perguntar: "O que mais existe que ainda não sabemos"? Estávamos convencidos de que as submodalidades tinham mais potencial do que anteriormente reconhecido no campo. Nós nos perguntamos: "O que aconteceria se investigássemos a classificação da estrutura da submodalidade dos Metaprogramas?” Que tal descobrir a estrutura subjacente do tempo, e ser orientado ao passado, ao presente ou ao futuro.

Uma das maneiras em que ocorrem as inovações é tomar dois ou mais paradigmas separados, colocá-los juntos e descobrir o que acontece. Foi isso que fizemos com os metaprogramas e as submodalidades. Esse pensamento levou ao padrão da mudança de critérios, e a referência da mudança interna e externa, bem como o trabalho das Linhas do Tempo. Colocar a "orientação do tempo" com as submodalidades teve um potencial muito maior do que tínhamos imaginado. Descobrimos que pessoas diferentes têm linhas do tempo muito diferentes, e que a forma da linha do tempo no espaço não somente determina se uma pessoa é "no tempo" ou "através do tempo", orientada ao passado, presente ou futuro, mas também determina igualmente muitos outros aspectos da personalidade. Descobrimos que, mudando essa representação espacial dos eventos no tempo, poderíamos fazer mudanças profundas, muito penetrantes e mais produtivas na personalidade e na orientação -- sem alterar os eventos individuais localizados na linha do tempo. Nós combinamos os padrões que havíamos aprendido com Richard com os outros que tínhamos descoberto para realizar, em março de 1984, o primeiro treinamento avançado de Submodalidades.

Em muitos padrões de PNL, tínhamos notado que o local é uma submodalidade de "condução" muito poderosa: é significante no trabalho com a linha do tempo, no trabalho de mudança de critérios e de crenças e no alinhamento das posições perceptivas. Foi Robert Dilts que nos mostrou recentemente uma maneira interessante para entender isso. Ele ressaltou que os três principais sistemas representacionais se sobrepõem no local. Cores, por exemplo, é só no sistema visual, o tom é só no sistema auditivo e a temperatura é apenas no cinestésico. No entanto, todas as imagens, sons e sensações têm algum local no espaço. Alterar o local de uma representação é, muitas vezes, mais poderoso porque muda simultaneamente todos os sistemas. Isso é a base para o poderoso impacto da mudança de local na perspectiva de alguém em associação/dissociação e o seu refinamento detalhado no alinhamento físico das três posições perceptivas: o eu, o observador e o outro.

Na conferência da NANLP em junho de 1985 em Denver, Colorado, Steve fez uma apresentação de três horas sobre Linhas do Tempo, intitulado "Just in Time". Entre os participantes estavam Wyatt Woodsmall, e Leslie Cameron Bandler -- que na época comentaram sobre o benefício dessa nova abordagem.

Em sua entrevista (1991) à revista VAK, Tad James comentou: "Eu aprendi sobre Linha do tempo com Wyatt (Woodsmall)". Quando Steve se encontrou com Tad em outubro de 1986, nós já ensinávamos a Linha do Tempo há mais de 2 anos. Naquela época, Tad descreveu para Steve o seu trabalho com a seleção de experiências traumáticas individuais na linha de tempo, e a reorientação da pessoa na sua linha de tempo existente em relação a essas experiências, a fim de mudar a reação da pessoa a elas.

Muitas vezes, as pessoas falam sobre o trabalho da linha do tempo como se fosse uma coisa. Entretanto, existem dois tipos principais do trabalho sobre a linha do tempo, ambos muito úteis. Um conjunto de métodos tem a ver principalmente com a utilização da linha do tempo existente. O método descrito acima é um exemplo. Você pode alterar uma memória traumática na linha do tempo reorientando o "no tempo", ou adicionando recursos, etc. O "destruidor de decisão" (en inglês The Decision Destroyer), desenvolvido alguns anos mais tarde por Richard Bandler, é outra abordagem muito impactante. Esses métodos têm em comum que você não precisa saber muito sobre a linha do tempo existente da pessoa para usá-las com plena eficácia.

Uma categoria totalmente diferente do trabalho na linha do tempo tem a ver com a mudança da estrutura da própria linha do tempo. Ao fazer esse tipo de trabalho, você descobre em detalhes como a linha do tempo de uma pessoa está estruturada agora, o que ela quer ter de diferente na vida, e então reorientar a linha do tempo de modo a apoiar o tipo de pessoa que ela quer ser. Quando a estrutura da própria linha do tempo é mudada, a pessoa literalmente vive em um novo relacionamento com todas as suas experiências "no tempo" -- não apenas as traumáticas ou as criativas, mas todas elas.

Por exemplo, a maioria das pessoas tem as suas linhas do tempo dispostas de modo que o futuro está em algum lugar do mesmo quadrante do visual construído. Isso nos permite construir criativamente futuros alternativos que são ricos em possibilidade. Entretanto, algumas pessoas veem o seu futuro no quadrante visual recordado. Um resultado típico disso é que as representações do futuro delas são relativamente específicas e fixas, porque elas têm que usar a imaginação recordada para representar o futuro. Isso pode resultar em muita decepção, já que a realidade do futuro raramente corresponde às expectativas inflexíveis e restritas da memória visual. Se a acumulação da decepção do passado estiver resolvida, a pessoa vai se sentir melhor no presente, mas vai continuar a experimentar que o futuro está rigidamente fixado porque ela ainda estará vendo o futuro no seu quadrante da memória visual. Um homem que tinha esse tipo de arranjo, comentou: "Isso faz sentido: 'mudar a história' sempre foi muito fácil para mim, mas nunca fez o meu futuro diferente, porque esse ainda estava fixo". Resolver problemas do passado não é garantia de que eles não se repetirão no futuro. No entanto, se a linha do tempo do futuro for mudada para o quadrante do visual construído, a pessoa vai começar a fazer imagens do futuro mais criativas e variáveis, e mais susceptíveis a mudanças no mundo dela, resultando em possibilidades muito mais produtivas e muito menos decepcionantes.

Embora seja bastante fácil mudar a linha do tempo de uma pessoa, é preciso alguma experiência para saber que tipo de mudança a ser testada pode ser mais vantajosa, e qualquer mudança precisa ser testada como tentativa, com toda a atenção à ecologia. Mudar uma linha do tempo é, literalmente, reorganizar todas as experiências de vida de uma pessoa, e por isso deve ser feito com extremo cuidado e sensibilidade para se certificar de que as alterações resultantes serão produtivas.

O artigo original "A Brief History of NLP Timelines" encontra-se no site: www.steveandreas.com

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