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A psiconeuroimunologia é um campo emergente que explora como nossa condição psicológica e processos neurológicos afetam o funcionamento de nosso sistema imunológico. A premissa básica da psiconeuroimunologia é que os fatores psicológicos influenciam o funcionamento de vários aspectos de nosso sistema nervoso que, por sua vez afetam nosso sistema imunológico em algum grau.
Fatores psicológicos > Respostas neurológicas > Consequências imunológicas
Desde o seu início, nos anos 80, o campo da psiconeuroimunologia produziu várias descobertas em nossa compreensão de como o cérebro e o sistema imunológico interagem. Sabe-se que o estresse e as respostas emocionais, por exemplo, alteram os níveis químicos na corrente sanguínea que afetam o funcionamento do sistema imunológico. Mas as células imunes também demonstraram responder diretamente às mesmas substâncias químicas que nosso cérebro e células nervosas usam para se comunicar.
Descobertas recentes apoiam o conceito de uma relação direta entre reações do sistema nervoso central e resposta do sistema imunológico (Ballieux, 1988). Existe uma relação bem documentada entre o sistema endócrino (glândulas produtoras de hormônios) e o sistema imunológico. Os esteroides corticais (um grupo de hormônios), por exemplo, têm sido usados para suprimir a resposta do sistema imunológico após o transplante de novos órgãos ou tecidos. Foi agora demonstrado que os linfócitos (glóbulos brancos) transportam estruturas moleculares no exterior da célula que servem como receptores de esteroides corticais. Além disso, foi demonstrado que os hormônios produzidos no cérebro, as chamadas endorfinas, influenciam a produção de anticorpos. Uma segunda maneira pela qual o sistema nervoso central influencia a resposta imune é através do sistema nervoso periférico. As conexões anatômicas descobertas recentemente mostram como esse sistema inerva as glândulas linfoides e outras estruturas do corpo onde as células linfoides são produzidas e desenvolvidas.
De acordo com as descobertas do campo da psiconeuroimunologia, o caminho entre "mente" e "corpo" pode ser conceituado como um processo de cinco etapas:
1) Percepção de uma situação ou estímulo externo (por exemplo, um evento estressante).
2) Reação autônoma do sistema nervoso.
3) Cargas bioquímicas e fisiológicas.
4) Reação do sistema imunológico.
5) consequências para a saúde.
Como exemplo, em experimentos em que os animais são submetidos a situações estressantes (por exemplo, choque elétrico inevitável ou perturbação do ritmo da noite / dia), os animais mostram uma supressão de suas respostas imunes. Todavia curiosamente, pesquisadores de animais relatam que situações estressantes que parecem envolver um elemento de "novidade" ou “excitação" podem realmente melhorar a resposta imune. Isso levanta uma questão importante relacionada às estratégias para lidar com situações estressantes. Como se pode enquadrar e avaliar psicologicamente situações estressantes, por exemplo, de maneira a gerar reações autonômicas e imunológicas mínimas ou mesmo benéficas?
A noção de psiconeuroimunologia propõe que técnicas psicológicas possam ser usadas para estimular e influenciar diretamente as respostas imunes. Foi demonstrado que, com a hipnose, uma intervenção puramente psicológica, o sistema imunológico pode ser influenciado (Hall, 1983). Através da hipnose, as respostas alérgicas e a reação de Mantoux (teste onde alergenos são colocados na pele) podem ser inibidas, enquanto as condições dermatológicas podem melhorar drasticamente
Outra pesquisa mostrou que as reações imunológicas podem até ser condicionadas em porquinhos-da-índia usando um procedimento semelhante ao que Pavlov usou em seus experimentos com seus cães (Russell, Dark, et al, 1984). Os pesquisadores colocaram o cheiro de hortelã-pimenta nas gaiolas dos porquinhos-da-índia e depois os injetaram com uma substância que naturalmente produzia uma reação imunológica ativa. Depois de repetir isso cinco vezes em um curto período de tempo, o pesquisador colocou o cheiro de menta na gaiola, mas não injetou a substância nociva. Quando eles checaram o sangue das cobaias, no entanto, descobriram que seus sistemas imunológicos estavam respondendo da mesma maneira como se tivessem sido injetados.
Em outro estudo (Gorckzynski, 1983), os ratos receberam vários enxertos de pele de outros ratos, e suas reações imunes aos enxertos foram medidas. Em seguida, os ratos receberam um enxerto "simulado", na medida em que estavam preparados para a cirurgia de enxerto, mas nenhuma operação foi realmente realizada. Quando seus sistemas imunológicos foram testados, foi descoberto que os ratos estavam produzindo a mesma reação imune à sua própria pele que eles haviam demonstrado em resposta à pele estranha enxertada de outros ratos.
Outros estudos (Ader & Cohen, 1981) demonstraram que ratos podem ser condicionados a suprir respostas imunes. Em um estudo que inicialmente se destinava a ser um experimento simples de discriminação, os ratos receberam uma água com sabor doce e cor vermelha. Inicialmente, a água estava contaminada com uma substância que deixava os ratos doentes, suprimindo suas respostas imunes. Os pesquisadores mediram quanto tempo os ratos levaram para descobrir que sua doença estava sendo causada pelo que estava na água e deixaram de beber. Os pesquisadores então pararam de contaminar a água e mediram quanto tempo os ratos levaram para determinar que a água estava novamente segura para beber. Em um certo ponto do estudo, os pesquisadores notaram que muitos dos ratos estavam morrendo muito cedo, até mesmo pensando que estavam bebendo água perfeitamente segura. Quando eles mediram o funcionamento do sistema imunológico dos ratos, no entanto, eles descobriram que ele era drasticamente suprimido, sobretudo depois que os ratos bebiam a água. Através do processo de condicionamento, eles estavam suprimindo suas próprias respostas imunes, a ponto de serem destruídas.
Também foi documentado que pacientes humanos com múltiplas personalidades terão respostas alérgicas em uma personalidade e não em outras. Um exemplo ainda mais dramático é o de uma mulher internada em um hospital para diabetes, que "confundiu seus médicos por não apresentar sintomas do distúrbio nos momentos em que uma personalidade, que não era diabética, era dominante ..." ( Goleman, 1985).
Parece que, da mesma maneira que aprendemos e adquirimos respostas emocionais, nosso corpo aprende e adquire respostas imunes. O fato de que doenças mortais como varíola e poliomielite foram praticamente varridas da face da terra é um testemunho do fato de que nosso sistema imunológico pode aprender. Uma conclusão dos estudos citados acima é que os fatores psicológicos desempenham um papel importante no funcionamento do nosso sistema imunológico e na sua capacidade de adquirir novas respostas e, portanto, no tratamento de doenças e na manutenção da saúde e vitalidade. O efeito placebo é provavelmente o exemplo mais difundido disso. Os placebos trabalham construindo uma “expectativa de resposta” psicológica positiva que, por sua vez, pode afetar as reações imunes.
A PNL desenvolveu várias técnicas baseadas nas descobertas da psiconeuroimunologia. O processo de alergia de Robert Dilts, por exemplo, usa o processo psicológico de desassociação e busca de exemplos contrários para ajudar a mudar a reação do sistema nervoso autônomo a estímulos que geralmente desencadeiam uma reação alérgica. Isso resulta no recondicionamento da resposta imune ao alergeno.
A PNL desenvolveu vários métodos, como o uso de visualização, submodalidades e afirmações verbais para a cura, que ajudam a estabelecer uma 'expectativa de resposta' positiva, que pode influenciar o funcionamento imunológico. Técnicas de PNL, como Ponte ao Futuro, Gerador de Novos Comportamentos, Swish de Submodadlidades, Alinhamento de Níveis Lógicos e Instalação de Crenças são: técnicas diferentes que ajudam a aumentar a expectativa de resultados e condicionam as reações apropriadas do sistema imunológico. Todos esses formatos operam ajudando as pessoas a construir um mapa mental mais rico e multissensorial das ações futuras e dos estados desejados.
Outras técnicas de PNL ajudam as pessoas a mudar crenças e expectativas limitantes que podem suprimir o sistema imunológico, criando estados de estresse ou produzindo "expectativa de resposta negativa" (semelhante aos ratos que bebiam água com sabor doce e de cor vermelha). Integração, Reimpressão, Ciclo de Mudança de Crenças, Contexto de Crenças e Manuseio da Linguagem Manuseio da linguagem são exemplos de processos que podem influenciar o funcionamento do sistema imunológico, alterando ou atualizando as crenças.
(Veja Saúde, (Health), Efeito Placebo (Placebo Effect), Processo da Alergia (Allergy Proccess) e Sistema Imunológico (Immune System)
Texto traduzido da Encyclopedia of Systemic NLP and New Code - Psychoneuroimmunology de Robert Dilts e Judith DeLozier