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A Programação Neurolinguística, além de suas próprias formulações, agregou e recompilou conhecimentos de diversas áreas da ciência.
A Semântica Geral, movimento fundado por Alfred Korzybski, que tem no processo de abstração e o seu efeito sobre o comportamento humano, a essência de seu enfoque científico, cedeu o postulado mais importante da PNL: "o mapa não é o território que ele representa".
Os seres humanos não conseguem perceber a realidade, já que utilizam "filtros" para a leitura dessa realidade. Nossas mentes trabalham com "mapas" dessa realidade. "Mapas" são abstrações ou representações da realidade. Da mesma forma que a planta de uma casa não é a casa que ela representa, nosso mapa do mundo não é o mundo.
Aprendemos a realidade com os cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) que são geneticamente determinados. Uma pessoa não percebe o mesmo que um gato que habite o mesmo ambiente. São distintos seus equipamentos genéticos, são diferentes as percepções. Nossas percepções são limitadas e focalizadas. Não vemos necessariamente tudo o que nos é visível. Também não prestamos atenção a tudo que é audível ao ser humano. Nossos "filtros" não nos permitem um contato direto com a realidade – contatamos a representação ou "mapa" que fazemos dela. Nosso modelo de mundo, aliás, é como uma impressão digital: é único.
O especialista em PNL sabe também que "o mapa não é a representação total do território", pois a abstração e a linguagem, que também é uma abstração, nos afasta da realidade e de seus detalhes.
A capacidade do ser humano
A pressuposição da PNL é que cada ser humano possui, ou pode adquirir, os recursos de que necessita para alcançar seus objetivos e metas, desenvolver-se e realizar-se criativamente. Entre tais recursos, o mais fundamental é o da capacidade de aprender e, consequentemente, de progredir.
A PNL postula tais atitudes de aprendizagem para todos os seres humanos. Afirma que o quê uma pessoa consegue fazer, outra também poderá: basta obter a estratégia para tal. Tal assertiva, e tantas outras, não são necessariamente verdadeiras – mas o importante é verificar sua utilidade, e não sua veracidade.
Outra pressuposição da PNL é que todo o comportamento tem uma função positiva. Inexistem, portanto, atos gratuitos – o comportamento baseia-se em algo, até na sua ausência de criatividade. Quem fuma cigarros o faz por um bom motivo. É lógico alegar que se o fumante vislumbrasse outra alternativa não estaria fumando. Precisa de novos "mapas", para ampliar seu horizonte, para substituir o ato de fumar, que é limitante, por outro social e pessoalmente mais ecológico e criativo.
A PNL considera, assim, que o comportamento "x" de determinada pessoa constitui o melhor comportamento que conseguiu eleger, tendo em conta as opções que possuía no momento da atuação.
As relações humanas
Trata-se de definir os postulados úteis para o tipo de relações que os seres humanos têm interesse em manter se querem conseguir seus objetivos relacionais e levar uma vida satisfatória. Para a PNL, as relações entre as pessoas, por um lado, e as pessoas e suas inclinações, por outro, formam um sistema. Supõe-se que nenhum comportamento tem sentido fora do contexto em que foi gerado. É impossível conhecer o sentido da atitude de uma pessoa se ignoram as circunstâncias em que se manifestam estas atitudes. Sem nenhuma dúvida, seu comportamento será diferente em outras circunstâncias. Os especialistas em PNL afirmam que entre duas pessoas é impossível não haver comunicação, não influenciar ou não ser influenciado por ela. Ficar calado e olhar para outro lado não representa uma ausência de comunicação, mas uma atitude que terá uma cristalina influência sobre nós, sobre o outro e sobre a consequente interação.
A comunicação verbal e não verbal entre duas pessoas pode ser esquematizada como um círculo em que "A" influencia "B" ao lhe comunicar algo, enquanto "B" influencia "A" ao responder ao que está comunicando.
Tal enunciado está em clara contradição com uma visão linear da comunicação, algo que, por outro lado, segundo os estrategistas da PNL, está completamente defasado na atualidade.
Assim, um bom comunicador é alguém capaz de observar atentamente o que expressa seu interlocutor tanto a nível verbal como não verbal, dando provas de sua flexibilidade. A flexibilidade consiste em modificar o que se diz e o que se faz para permitir ao interlocutor entender o sentido. Para a PNL, fazermos compreender é responsabilidade nossa, e a resposta que obtivermos é o resultado do comportamento que colocamos em prática. Atenção senhores professores: Se nosso interlocutor não nos compreende e se consideramos que a mensagem que queremos transmitir é importante, depende de nós encontrarmos uma maneira mais conveniente para dar maior clareza a nossa mensagem. Já que os contextos mudam, o mesmo comportamento não gerará o mesmo resultado, inclusive com o mesmo interlocutor. Vários interlocutores exigem sistema mais complexo – e é evidente que, quanto mais complexo, maior é a exigência da flexibilidade.
A natureza da mudança no ser humano
Segundo a PNL, a mudança é o "espaço/tempo" que separa o "estado presente" do "estado desejado". Esse último é priorizado. A mudança não é mais que um meio para alcançá-lo. A ênfase não se dá sobre o problema, e sim sobre o resultado que se busca.
Se um aluno diz ao professor. "Bem, eu sabia a matéria na 2ª feira, mas na 5ª, que foi a prova, eu estava deprimido, e estou muito chateado com isso". O professor, que conhece PNL, mexe na sentença e afirma: "Então na 5ª você estava deprimido e sentiu-se chateado, mas na 2ª feira você sabia a matéria". A ênfase, antes no problema, deslocou-se para o resultado que se busca – saber a matéria. Nisso reside mais uma originalidade da PNL: a mudança de enfoque, de sensações e, consequentemente, de estratégias.
Tal forma de ver, ouvir e sentir as coisas, tem a vantagem de ser esclarecedora, objetiva e totalmente carente de culpa.
O processo de mudança, por outro lado, é em si mutante e permanente: temos que aprender constantemente para nos adaptarmos a um ambiente que não cessa de evoluir. Lembram os adeptos da PNL ser bastante saudável repetir-se, com frequência, uma pressuposição que vai contra muitas crenças e, sobretudo, muitas práticas: "O erro é uma etapa do caminho da aprendizagem e, portanto, do êxito". Com efeito, cometer um erro nos permite descobrir o que não sabemos. Há que se afirmar, então, que cometer um erro equivale a ganhar uma ocasião de aprender.
Trabalhar tais pressupostos, sob a ótica educacional, aplicando-os em determinado contexto, contribuirá, com certeza, para uma melhor compreensão dos programas e estratégias organizados pelos mestres da Programação Neurolinguística.
PNL e aprendizagem
Longe do que comumente se entende por aprender, a aprendizagem não é um produto exclusivo da capacidade intelectual; a disposição, o envolvimento emocional tem aqui um papel preponderante. Para aprender, temos que estar submergidos em um estado adequado, afirma Michael Grinder, professor americano dedicado a aplicar as técnicas de PNL à educação. Estado, aqui, é a soma total da experiência humana em uma situação determinada. Compreende os processos intelectuais, emocionais e físicos que se produzem nessa situação.
Há muitos motivos pelos quais as pessoas perdem oportunidades de aprender no momento em que se deparam com algo novo. Gustavo Vallés destaca alguma dessas emoções:
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Como podemos aprender a aprender
A PNL ensina que aprender a aprender consiste em ampliarmos nossa percepção e, com isso, nossa capacidade de escolhas. Mostra como funciona nosso cérebro, como trabalha a memória, como coletamos, selecionamos, armazenamos e recuperamos a informação. Significa, também, alterar nossas percepções, aprender a ver os processos de mudança ao invés de instantâneos da realidade, ver o todo em vez de somente as partes e raciocinar de um modo diferente, em forma circular ou de árvore, ao invés de modo linear, diz o professor José Carlos Mazilli.
A PNL coloca também, que para adquirir qualquer capacidade, há que se cumprir quatro requisitos essenciais facilitadores do processo de aprendizagem.
- Reconhecer que não sabemos ou que ainda temos muito a aprender. Assumir a nossa ignorância é aproximarmo-nos do portal da aprendizagem.
- Encontrar alguém com que possamos aprender e/ou modelar, alguém que nos possa ensinar e assumir que será o nosso professor ou modelador numa determinada área. Atitude semelhante podemos ter diante de um livro.
- Sustentar uma disposição emocional favorecedora de aprendizagem.
- Começar com a prática assídua das capacidades que se pretenda adquirir para que produza uma modificação neurônica que mude a conduta anterior.
Um dos belos desafios que a "geração TV/computação-geração apartamento" se nos apresenta é de como motivá-la para a educação formal, utilizando basicamente os meios e instrumentos disponíveis em nossas escolas, cuja maior mudança, a nível de Brasil, foi pintar o quadro-negro de verde e chamá-lo de "quadro de giz".
Segundo Mazilli, o ensaio deveria fornecer habilidades para o aluno vencer na vida e o currículo escolar privilegiaria promoção da "autoestima, mérito próprio e respeito próprio nos alunos; treino de habilidades úteis para a vida, aprender a aprender, desenvolver habilidades conceituais gerais, processos para desenvolver atividades artísticas, físicas e acadêmicas nas mais diversas áreas de atuação humana, desenvolver habilidades e atitudes pessoais para serem usadas em tudo que fazemos".
Aprendendo com mais presteza
Algumas estratégias de aprendizagem inovadoras que auxiliam o aluno a desenvolver novas habilidades e a descobrir-se novos talentos, envolve: sonhar alto, criar uma meta específica, criar uma atitude positiva em relação ao erro, criar mapas mentais a respeito do assunto, combinar ação com mentalização.
Há que se recordar, lembra Maurício Aguiar, que a progressiva quantidade de informação produzida no mundo, torna cada vez mais difícil uma pessoa manter-se atualizada "principalmente se forem utilizados os métodos convencionais de ensino aprendizagem". No Golfinho nº35 ele declarou que a saída é a utilização de nossos recursos não conscientes, uma vez que, conforme uma das pressuposições da PNL. "Já dispomos de todos os recursos internos de que necessitamos", faltando apenas sermos capazes de utilizá-los nos momentos e contextos apropriados. Estamos numa nova etapa educacional, que exige novas ferramentas e modelos para a aprendizagem. A Programação Neurolinguística, nascida no final do Século XX, ingressa no Século XXI como um dos instrumentos mais hábeis para motivar a aprender a aprender.
E há embutida na PNL, as técnicas de mudanças com metáforas já descritas e comentadas por este escriba no Golfinho nº53 JUN/99, que o leitor encontra também no Golfinho on-line.
As fontes bibliográficas, abaixo onde me embebi, permitirão ao leitor aumentar seu conhecimento e ampliar os modelos.
- Coleção de Golfinho;
- Bandler, Richard. Usando sua mente. São Paulo: Summus, 1987
- DILTS Robert B. e EPSTEIN, Todd A. Aprendizagem Dinâmica, vol. I e II. São Paulo Summus, 1999.
- O CONNOR, Joseph e SEYMOUR John Introdução a PNL. São Paulo Summus, 1988
- GRINDER, Michael. Envoy your personal guide to classroom management Portland, EUA Meta, 1991
--------------------------------- Righting the educacional conveyour belt Portland, EUA Meta, 1992
- JACOBSON, Sid. Meta-cation, vol. I. Preescriptions for some ailing educacional processes. Portland, EUA Meta 1992
---------------------------------- Meta-cation, vol.II Portland, EUA Meta, 1992
---------------------------------- Meta-cation, vol. III Portland, EUA, 1993
- MAZZILLI, José Carlos Repensando Sócrates, São Paulo Ícone, 1997
---------------------------------- Manual de PNL, vol. I e II São Paulo: Edição do Autor, 1996 e 1997
- VALLES, Gustavo Bertolloto. Programación Neurolingüística Personal Madrid. Espanha: Libsa, 1995
- AGUIAR, Maurício & Rousseau L.C.Filho. Aprendizagem Acelerada, Editora Gente, 1998
Publicado no Golfinho Nº79 de AGO/2001