Meu chefe me deixa furioso(a)

Escrito por: 

Publicado em: 

ter, 02/02/2016

Ou preencha o espaço em branco: Meu _______ me deixa furioso(a)

Um cliente, muito educado e bem-sucedido, chega para uma sessão individual de coaching para tratar de problemas no trabalho. O dedo está apontado para uma pessoa específica, o seu chefe. Enquanto eu o escuto, me deparo concordando, é sim, essa é a pior pessoa para se trabalhar e eu entendo porque o seu chefe o deixa tão furioso. Para capacitar os meus clientes, eu preciso levá-los a compreender e aceitar que eles e só eles têm qualquer controle na mudança de sua experiência. Comunicar essa mensagem é importante, mas delicado. Em primeiro lugar, é importante que o cliente saiba que eu estou do seu lado. Nós discutimos as evidências, o chefe é rude, ele interrompe, faz perguntas pessoais, leva o crédito pelo trabalho dos outros, dá informações incorretas para os clientes e, em seguida, a equipe tem que consertar seus erros. Eu continuo pensando, que esse chefe soa difícil, e também acho que esse tipo de chefe é familiar. A descrição é um clássico, quase universal, e eu aposto que você, leitor, também já se encontrou com ele ou ela no trabalho, em sua família ou em um contexto social. Ou talvez você seja essa pessoa. Se você for, por favor, nos dê os seus próprios insights sobre como lidar eficazmente com você.

É fácil e bastante comum cair no “contexto da culpa”, especialmente em um escritório ou em um sistema familiar, onde existem outras pessoas que irão confirmar que a outra pessoa é de fato um “f%#@*%ga$#e”, e que você tem todo o direito de se sentir perturbado. Embora isso possa ser validado e defendido, na verdade não lhe dá as ferramentas e as habilidades para ser mais eficaz e ter mais recursos da próxima vez que você se encontrar interagindo com o “botão propulsor”.

“Está certo, aponte o seu dedo”, digo ao meu cliente, “e veja os dedos que estão dobrados e apontados para você mesmo?” Descobrir que os dedos estão apontados para você mesmo significa que o único que você pode controlar, o único que você pode mudar, é você mesmo. Esperemos que, quando você mudar a si mesmo, a outra pessoa também mude. É isso que nós trabalhamos em nossas sessões, como ele poderia tornar-se mais atento aos seus próprios pensamentos, sentimentos e comportamento quando na presença de seu chefe.

No sistema da PNL, temos muitas técnicas para ajudar os clientes/trainees a encontrarem formas de controlar os pensamentos, sentimentos e comportamentos que são acionados por outra pessoa. Em nossa conversa sobre “alguém me deixa furioso”, eu também saliento que isso é um padrão chamado causa-efeito. Nesse caso, o chefe é X e a fúria do meu cliente é Y. Por isso, “Meu _______ me deixa furioso”. Quando ouço o padrão de causa-efeito, pergunto ao meu cliente/trainee: “Como é que X ocasiona Y?” Eu sei que sou pessoalmente acionado por muitas coisas, entretanto, quando eu me faço essa pergunta, descubro que isso me ajuda a redescobrir que  tenho mais controle para mudar a minha reação. Meu marido, Steven Leeds, me apresentou esse padrão quando estávamos namorando por volta de 1982. Nós estávamos no telefone quando eu disse: “Minha mãe me deixa furiosa”. Ele disse, com um tom muito curioso, “Como é que a sua mãe a deixa furiosa?” Como eu estava estudando PNL naquela época, entendi imediatamente que eu estava deixando ela me afetar. Foi um momento poderoso, uma realização memorável e fui capaz de mudar o meu estado de forma eficaz.

Meu treinador de autoestima, Jack Canfield, me ensinou essa fórmula simples que eu também compartilho com meus clientes e trainees. E + R = O, onde E representa o evento, R significa a reação e O significa objetivo. Nós não podemos mudar o Evento (o X), mas podemos mudar a nossa Reação (o Y), que terá impacto sobre o Objetivo.

Aqui estão algumas das técnicas de PNL utilizadas nas minhas sessões individuais e que eu também ensino nos nossos cursos de formação Practitioner e Master Practitioner em PNL. Também ensino aos meus clientes ao longo de várias sessões.

Usando o seu cérebro para mudar como você pensa

O R no modelo de Canfield não é apenas o que fazemos e dizemos, mas como pensamos. E reconhecer e mudar a forma como pensamos é um dos interesses principais da PNL.

Embora as nossas reações emocionais e verbais possam acontecer rapidamente, o nosso cérebro pensa ainda mais rápido. Tão rápido que nem sequer estamos conscientes do que ele está fazendo. Portanto, a nossa reação emocional é muito mais um resultado do que estamos pensando do que o resultado do que a outra pessoa está fazendo. E, embora nem sempre possamos controlar diretamente as outras pessoas, podemos controlar nossos pensamentos. E mudar os nossos pensamentos vai mudar o nosso comportamento, que por sua vez irá mudar o resultado.

No treinamento de PNL nós ensinamos sobre o nosso sistema sensorial que inclui o visual, auditivo, olfativo (odor), paladar (sabor) e cinestésico (que inclui a emoção, a sensação física e a ação). Cada um desses sentidos tem subconjuntos que chamamos de submodalidades. Por exemplo, algumas submodalidades visuais são tamanho, distância, enquadrada ou panorama, perspectiva, localização, etc. Quando você identificar alguém que o incomoda, pergunte-se o que pode fazer de diferente quando pensar nele, inclusive como você pensa nele quando está na presença dele. Aqui estão alguns exemplos de submodalidades que eu sugiro para meus clientes:

  1. Em vez do seu chefe parecer agigantado - “no alto acima de você” (olhando para baixo para lhe ver), traga ele (ou ela) “para baixo” ao nível dos seus olhos e olhe nos olhos dele (ou dela). Ou “eleve-se” ao nível dos olhos dele. (Isso pode ser extremamente útil para aqueles que habitualmente acham as outras pessoas mais importantes e mais significativas e que permitem que outras pessoas os dominem. Observe que você está sendo solicitado a inverter as posições, trazendo o seu chefe para abaixo de você ou você elevando-se acima dele. Embora isso possa ser um alívio e ele se sentir melhor, ele está perpetuando um relacionamento um para cima e outro para baixo. E vendo a si mesmo ou seu chefe ou outra pessoa significativa em uma posição inferior pode ter consequências negativas indesejadas. Infelizmente para alguns de nós, essas são as duas únicas posições que conhecemos.)
     
  2. Em vez de ver a pessoa como sendo um “grande” homem (ou mulher) maduro, veja-a como uma criança “pequena” tendo um ataque de raiva. (Isso pode ser útil quando a outra pessoa está revertendo para o comportamento de uma criança ou adolescente. Veja-os em relação a sua idade emocional. Não se deixe enganar pela sua idade cronológica.) E se nós percebermos que estamos nos sentindo como uma criança é muito importante nos “ampliarmos” (nos transformar de volta ao nosso tamanho como um adulto maduro).
     
  3. Imagine o seu chefe como em um desenho animado com voz de desenho animado ou o imagine isso acontecendo em uma revista. (Isso pode ser feito quando você perceber que está levando as coisas muito a sério.)
     
  4. Adicione uma trilha sonora. Eles fazem isso nos filmes para mudar o clima de uma cena. Você pode tocar diferentes músicas até ajustar as coisas que funcionam para você (Sim, essa é uma maneira de ajustar as coisas.).
     
  5. Adicione um escudo à prova de balas de modo que nenhum dos discursos bombásticos do chefe ricocheteie em você. Efeitos sonoros também podem ser incluídos.
     

Todas essas sugestões estão sob o seu controle. Elas são imaginárias (sim, você sabia disso, certo), mas criativas e úteis para encontrar uma maneira de enfrentar a situação. Antecipando o seu próximo encontro com o chefe-criança de desenho animado, ao nível dos olhos com um tema musical personalizado, será muito diferente do que esperar um feroz animal adulto, exagerado, pairando silenciosamente sobre você pronto para atacar.

Mudando o seu estado interno

Quando perguntei ao meu cliente como estava se sentindo, ele disse que se sentia irritado, ofendido e frustrado. Perguntei como é que ele preferia se sentir quando estivesse perto do seu chefe. Ao fazer essa pergunta, estamos identificando como queremos ser frente a esse desafio e como nos programamos para acessar e manter um estado interno forte, não importa o que esteja acontecendo lá fora. Eu compartilhei a fórmula E + R = O com ele e lhe perguntei qual a reação que ele preferiria criar. Ele disse que gostaria de se sentir confiante. A próxima técnica que eu ensinei é chamada de ancoragem. Para praticar essa técnica, identificamos uma época no passado da pessoa em que ela experimentou o recurso de que precisa.

No caso do meu cliente, ele queria confiança.

Em seguida, escolha a “âncora” que você vai usar para ativar o recurso. Pode ser um símbolo visual, um pequeno movimento como colocar dois dedos juntos ou simplesmente a própria palavra “confiança” falada.

Assim que você tiver planejado a âncora, traga-a de volta à memória e entre na experiência. Enquanto você desfruta da sensação de confiança, inicie a ancoragem. Teste a sua âncora voltando ao seu estado neutro e depois dispare a sua âncora. Você ancorou com sucesso a experiência só quando a âncora, de forma consistente, atrai o estado do recurso. Nessa técnica, você está treinando a sua mente e o seu corpo para acessar o estado interno desejado. Sugeri ao meu cliente para usar a qualquer momento a sua âncora quando ele estiver no escritório falando com o chefe. Em uma sessão de acompanhamento, ele reportou que a âncora lhe deu confiança. Eventualmente, ele não precisou mais da âncora porque a própria situação ativou o recurso, e que estava satisfeito com as ferramentas que estava aprendendo. Sendo assim, continuamos a desenvolver a sua caixa de ferramentas. Aqui está outra técnica que nós praticamos.

Definindo o seus limites

Quando você se encontrar usando o padrão causa-efeito, ele (ela) me faz sentir ______, outra técnica útil é aprender a fazer limites claros. A técnica da PNL que eu ensino é chamada de Posições Perceptivas. Nessa técnica eu conduzo o meu cliente a entrar na posição de observador e assistir de fora, ele mesmo e ao seu chefe.

Há muitos detalhes específicos sobre essa posição (observador também é conhecido como a 3ª posição), basta dizer, “saia da experiência e observe a si mesmo e a outra pessoa, no mesmo nível dos olhos, equidistantes”. Em última análise, o objetivo para a posição de observador é ensiná-lo a se tornar dissociado da interação, e não fazer um julgamento. Uma vez que o meu cliente tenha feito isso, eu o conduzo para a posição Self (também conhecida como 1ª posição) e configuro limites distintos e claros para que ele possa sentir a si mesmo e o seu distanciamento. No treinamento sobre Posições Perceptivas, nós também ensinamos sobre a ida para a posição do Outro (também conhecida como 2ª posição). Nessa sessão de coaching permanecemos com o Observador e o Self para fins de simplicidade.

O cliente relatou que essa técnica lhe deu uma sensação melhor para o sentido dos limites, bem como uma ferramenta para se distanciar de si mesmo.

Como mudar o seu pensamento com a Ressignificação

Ao longo de uma sessão de PNL falamos sobre perspectivas e ressignificar o significado de uma comunicação interpessoal. Quando esse cliente falou queixando-se do seu chefe, nós falamos sobre ele ter sofrido “bullying”. Eu perguntei: “O que você acredita que é a intenção positiva de um bullying?” Na PNL, há um pressuposto de que todo comportamento, sintoma ou problema tem ou teve uma intenção positiva. Isso pode ser verdade para você mesmo ou quando estiver falando de outra pessoa. Nesse caso, eu perguntei qual era a intenção positiva para a outra pessoa fazer bullying. Meu cliente disse: “Meu chefe é muito inseguro, e quando ele age dessa forma, ele se sente mais seguro.” Embora a tentativa do chefe para se sentir seguro não seja positiva para o meu cliente, é outra maneira do meu cliente entender o comportamento do seu chefe. Se você ficar preso no pensamento de causa-efeito, pergunte-se qual é a intenção positiva para ficar preso, também se pergunte qual é a intenção positiva da outra pessoa. Quando perguntei ao meu cliente, “O que ele faz para você ficar com raiva?” Meu cliente respondeu: “Minha raiva me lembra de que eu sou importante”. Agora podemos explorar outros aspectos para ele continuar a sentir-se importante, sem ficar irritado. Ficar irritado em si pode ser útil, entretanto, nesse caso, a raiva estava deixando-o tenso e alimentando um sentimento de desesperança, e foi por isso que ele queria encontrar técnicas para ajudá-lo a lidar com ela.

Se você ressignificar a outra pessoa ou a você mesmo, a experiência de mudar o significado, irá então alterar o seu estado. Mais uma vez, nós descobrimos que há um X que causa Y. Nós sugerimos que os nossos clientes/trainees aprendam como estar no controle de suas reações (Y), e saber apenas isso, irá fortalecer a experiência de comunicação dele. Também se lembre de que para outra pessoa, o X é que pode ser o gatilho. Eu perguntei ao meu cliente para explorar o que pode ser o gatilho que ele criou para o seu chefe. Ele percebeu que podia estar comunicando uma mensagem de resistência o que fazia com que seu chefe ficasse mais irritado. Agora o meu cliente tem a consciência de que pode fazer as suas interações de forma diferente. Praticar a flexibilidade em nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos são uma habilidade importante que nós ensinamos em nossos treinamentos. Lembre-se que não se trata de “culpar”. Trata-se de “assumir a responsabilidade”.

O que Steven Leeds (meu marido e parceiro de negócios) descobriu sobre a nossa carreira de quase 30 anos como coach/trainer é que os clientes/trainees querem ferramentas eficientes para usar durante toda a comunicação interpessoal deles, ainda que o que também querem é magia. Nós sugerimos que essas técnicas se tornem automáticas, como que por magia. No entanto para que isso aconteça a prática é essencial. Meu cliente tem muitas técnicas em sua caixa de ferramentas. Seu chefe irado lhe dá a oportunidade de praticar diariamente. Isso pode ser outra ressignificação.

Por favor, note que as habilidades e técnicas descritas nesse artigo são versões resumidas das técnicas que eu uso com os clientes. Apenas em nossos treinamentos de formação Practitioner e Master Practitioner é que vamos ensinar essas técnicas em profundidade.

O artigo original "My Boss Makes Me Angry" encontra-se no site: www.nlptraining.com

Categoria: