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Em termos comuns, o modelo de comunicação da PNL é sobre como você compreende o seu mundo e os comportamentos que você manifesta como resultado. Nesse artigo, nós iremos enfocar primeiro, como você compreende o seu mundo (isto é, como filtra a informação pela deleção, distorção e generalização). Depois como une as suas representações internas – um produto dos seus filtros – com o seu comportamento.
Percepção consciente
Estima-se que o seu cérebro receba cerca de quatro bilhões de impulsos nervosos a cada segundo. Você está percebendo toda essa informação de modo consciente? Não! Por exemplo, você está consciente de como você sente a camisa nas suas costas? A menos que a sua camisa esteja particularmente apertada ou desconfortável ou que você tenha uma queimadura de sol, eu suspeito que você não estivesse consciente de como sentia a sua camisa até eu ter mencionado isso. Por quê? Porque isso não era importante nessa hora e foi ignorado. Dos quatro bilhões de bits de informação, você está conscientemente percebendo cerca de 2.000 bits, ou cerca de 0,00005 por cento de toda a informação potencial. Absorver e processar mais dessa informação iria levá-lo a loucura ou seria uma distração tão grande que você não conseguiria funcionar.
Filtros – Deleções, distorções e generalizações
O que acontece com toda essa outra informação? Ela é filtrada da sua percepção consciente pela deleção (isto é, como você sente a camisa nas suas costas), pela distorção (isto é, pela simplificação) ou pela generalização. O que você realmente deleta, distorce e generaliza depende das suas crenças, linguagem, decisões, valores, memórias, meta programas, etc. Vamos olhar alguns exemplos para aumentar a sua compreensão de como isso funciona.
Suponhamos que você tenha a crença de que "não consigo fazer nada certo". Como você reagiria se alguém se aproximasse de você e dissesse: "Você fez um ótimo trabalho preparando aquele relatório?" Dependendo das circunstâncias, você pode rejeitar, diminuir ou deformar o feedback positivo recebido. Internamente, você pode pensar que ele não olhou detalhadamente, e quando o fizer, irá descobrir algo errado e mudar de opinião. Suponha que todos os dias lhe digam que fez um ótimo trabalho – você realmente escuta? Provavelmente não! E então uma pessoa chama sua atenção para uns erros de ortografia você fez na página 21. Isso repercute em você? Pode apostar que sim! Isso comprova a sua crença sobre você. Na perspectiva do ‘filtro’, você deletou e distorceu o feedback positivo e focou no negativo. Quais são as crenças que você tem sobre você, sobre os outros, sobre o mundo, que o limitam, acerca de quem você pode ser e do que você pode realizar?
Linguagem (palavras)
Você pode escolher simplificar (distorcer) como você e sua esposa interagem ao se referir ao ‘nosso relacionamento’. As palavras são interessantes. Elas são uma forma de código para representar a sua interpretação de algo. Se você quiser fazer uma brincadeira, junte um grupo de amigos e peça que cada um, de modo independente, escreva cinco palavras que para eles signifiquem ‘relacionamento’. Eu aposto que ninguém aparece com as mesmas cinco palavras suas e, como um grupo, vocês podem nem ter alguma palavra em comum. A palavra ‘relacionamento’ é um código para o que relacionamento significa para você, e eu imagino que a sua esposa tenha um significado completamente diferente para essa palavra. Porém, nós entramos em longas, e algumas vezes, acaloradas discussões com os nossos amados sobre o ‘nosso relacionamento’, sem nunca realmente discutir o que significa ‘relacionamento’ para cada um. Se esse é um assunto de interesse para você, na próxima vez você pode querer se perguntar: "O que para você não está funcionando no nosso relacionamento (ou está sustentando o relacionamento) (e também o que está dando certo para você?)?" Isso fará surgir algo em que os dois possam realmente trabalhar juntos.
Decisões
Você toma decisões (isto é, generaliza) de modo que você não tenha que reaprender coisas todos os dias. Se você quer abrir uma porta, você aprendeu, há muito tempo atrás, (fez generalização) você pega na maçaneta, gira e empurra ou puxa e ela se abre – você não tem que passar toda vez, por todo o processo de reaprender como abrir uma porta. As generalizações são úteis e elas também podem nos meter em dificuldades. Num experimento, os pesquisadores colocaram a maçaneta do mesmo lado das dobradiças da porta. O que você imagina que aconteceu quando eles deixaram adultos na sala? Eles iam até a porta, seguravam a maçaneta, giravam e aí tentavam abrir a porta empurrando-a ou puxando-a. Lógico, ela não abria. Como resultado, os adultos decidiram que a porta estava fechada e eles estavam presos na sala! Crianças, por outro lado, que ainda não haviam feito a generalização sobre a maçaneta, simplesmente iam até a porta, a empurravam e saiam da sala. Os adultos, por causa das suas generalizações, criaram a realidade de estarem presos na sala quando de fato não estavam. Assim, quantas das nossas decisões (generalizações) sobre a esposa, o chefe, a maneira como as coisas funcionam, etc., o deixam ‘preso’, enquanto outros não são detidos por elas?
Para mim, um dos benefícios da PNL é descobrir esses filtros que eu coloquei em prática e como eles afetam o que eu vejo, ouço, sinto; como eu reajo aos outros e o que eu crio na minha vida. Assim que eu tomo consciência dos filtros que não me servem, eu posso escolher, conscientemente ou com a ajuda da PNL, técnicas para modificá-los ou removê-los.
A seguir, iremos esclarecer o efeito que os seus filtros têm no seu comportamento e a realidade que você criou.
Você se lembra de ter tomado café hoje de manhã? Como você se lembra disso? Você vê uma imagem na sua mente, ou há cheiros e sabores? Existem sons – talvez você possa ouvir um rádio na sua mente? Para recordar um evento, a sua mente usa figuras, sons, sensações, gostos, cheiros e palavras. Essas percepções do seu ‘mundo externo’ são chamadas de representações internas e são função dos seus filtros (isto é, crenças e valores). As suas percepções são aquilo que você considera ser ‘real’ ou, em outras palavras, a sua realidade.
Se você e eu tomamos café juntos, as nossas representações internas ou a percepção do café da manhã serão, muito provavelmente, semelhantes e diferentes em algum ponto – dependendo do que é importante para cada um de nós (nossos filtros). Café da manhã não é muito controverso. Mas e as nossas opiniões sobre a guerra do Iraque. Em função das nossas diferentes experiências, nós podemos perceber isso de um modo muito diferente com reações significativamente diferentes (comportamentos).
Filtros
Você já não foi ao cinema com um amigo, sentaram um ao lado do outro, viram exatamente o mesmo filme e um achou que foi o melhor filme que já viu e o outro achou o filme horrível? Como isso pode acontecer? É muito simples. Você e seu amigo filtraram a informação de modo diferente (diferentes crenças, valores, decisões, etc.). Em outras palavras, vocês perceberam o filme de modo diferente e, por essa razão, se comportaram de modo diferente em reação a ele.
Por sinal, quem colocou os seus filtros em prática? Você! – baseado no que aconteceu na sua família enquanto você crescia, nos ensinamentos da sua igreja (ou na ausência de uma religião), nas crenças e nos valores do local onde você viveu, nas decisões que você tomou sobre o mundo (isto é, um local seguro ou perigoso), etc. Se os seus filtros não estão criando os resultados que você deseja, você é a única pessoa que pode mudá-los. O primeiro passo é perceber conscientemente os filtros que você tem e que tipo de realidade (resultados) eles estão criando para você.
Representações internas e comportamentos
Você gostaria de ver o efeito que as representações internas têm sobre o seu comportamento? Você pode lembrar de um evento realmente alegre da sua vida? Feche seus olhos e consiga uma imagem desse evento na sua mente, traga algum som, sensações, gostos e cheiros. Experimente completamente o evento na sua mente. Assim que tiver feito isso, repare se existe alguma mudança na sua fisiologia. Talvez como resultado dessas memórias (representações internas), você ficou com um sorriso no rosto, ou sentou-se mais ereto, ou talvez respirou mais fundo. Tenho certeza de que a sua fisiologia mudou de alguma maneira. Eu não pedi que você mudasse a sua fisiologia, pedi? O que isso demonstra é que as imagens, os sons, etc. (representações internas) que você faz na sua mente, influenciam a sua fisiologia e, em consequência, a sua escolha de palavras, o tom de voz que você usa e os comportamentos que você manifesta.
Agora sente-se mais ereto, coloque um sorriso no rosto e respire profundamente. Enquanto faz isto, sinta-se triste. Eu posso apostar que você não consegue se sentir triste sem mudar a sua fisiologia (isto é, respiração curta, ombros curvados, etc.). Isso ilustra que a sua fisiologia influencia as suas representações internas (sentindo-se triste ou alegre). Na próxima vez que estiver se sentindo triste ou deprimido, o que você pode fazer? – Participe em alguma atividade física (isto é, caminhada acelerada, exercícios).
Outro exemplo: suponha que você acredite que seu chefe ou alguém na sua família é "uma mula". Você está a caminho de ver seu chefe e na sua mente, você pensa "Que asno!" Não somente você pensa assim, como você tem representações internas (imagens, sons e sensações) de eventos anteriores que comprovam isso – a sua realidade. Com o que a sua fisiologia estará parecida quando você entrar na sala dele, qual o seu tom de voz ou as palavras que vai usar? Dado o seu comportamento, você acha que ele irá apoiar a sua ideia ou fazer aquilo que você sugeriu? Eu duvido, e o que mais ele fez? Provou uma vez mais que, de fato, é "uma mula"!
Suponha que um dos seus colegas de trabalho ache que o chefe de vocês é excelente! Que tipo de representações internas você acha que ele faz na mente dele sobre o chefe de vocês? E sobre a fisiologia dele, o tom de voz ou as palavras que ele usa? E os resultados que ele consegue com o chefe? Por causa das percepções diferentes de vocês, cada um criou resultados diferentes e, por isso, realidades diferentes!
Conclusão
Baseado nas suas experiências anteriores, você filtra a informação sobre o mundo a sua volta. As representações internas resultantes são como você percebe o mundo (a sua realidade) e isso guia os seus comportamentos, reforçando, muitas vezes, que a sua percepção do mundo está ‘correta’.
Para mim, um dos benefícios da PNL é descobrir esses filtros que eu coloquei em prática e como eles afetam o que eu vejo, ouço, sinto; como eu reajo aos outros e o que eu crio na minha vida. Assim que eu tomo consciência dos filtros que não me servem, eu posso escolher, conscientemente ou com a ajuda da PNL, técnicas para modificá-los ou removê-los.
E a PNL é muito mais do que isto!
Roger Ellerton PhD é consultor certificado de administração, fundador e sócio gerente da Renewal Technologies. O artigo acima é baseado no seu livro "Live Your Dreams Let Reality Catch Up: NLP and Common Sense for Coaches, Managers and You".
O artigo acima foi traduzido na íntegra do original sob o título "NLP Communication Model", Part I e Part II que se encontram no site Renewal Technologies.
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Tradução JVF, direitos da tradução reservados.