Ajuda à Juventude Conturbada

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sab, 15/01/2000

Encontrando a peça que falta no quebra-cabeças

Introdução

Vivemos num país de jovens conturbados: jovens que tem problema para definir a si próprios, jovens que estão matando e mutilando uns aos outros em índices sem precedentes. A taxa de violência entre os jovens nos Estados Unidos é, muitas vezes, mais alta do que nos outros países. Por quê? Por que isso está ocorrendo neste momento de nossa história?

É devido à televisão? É culpa das gangues? Do declínio da moral e dos valores? Da desintegração da família? É culpa do nosso sistema educacional? Do nosso sistema penal? Do nosso sistema de bem-estar social? Nossas igrejas estão nos enfraquecendo? Isso tudo já foi apontado como causa.

As soluções propostas têm sido numerosas. Queremos que o governo corrija o sistema de assistência social, que mude o sistema penal, que coloque mais dinheiro na educação, que melhore os programas de televisão. Queremos que outras instituições (como as igrejas, famílias, escolas, etc.) transmitam mais moral e melhores valores. A lista continua. Por que essas soluções não funcionam?

Por que nossa juventude tem tantos problemas?

Qual é a razão pela qual nossa juventude tem tantos problemas? E por que nossos jovens, hoje, cometem mais violência? Acho que a resposta está numa combinação de fatores que aparecem juntos. Esses fatores são:

  1. Até agora, temos pressuposto que os estudantes saibam como aprender, na aula, e realizar as tarefas acadêmicas que nós passamos para eles. Mas eles não sabem. Um grande número deles está traumatizado por sua incapacidade de vencer na escola.
  2. A televisão e o cinema transmitem experiência sensorial diretamente para DENTRO de nós, enquanto que, quando lemos ou ouvimos alguma coisa, nossas respostas sensoriais precisam ser conectadas às nossas próprias experiências ou elaboradas. Portanto, é difícil para a maioria de nós imaginar uma experiência vívida daquilo que nunca experimentamos. Quando vemos filmes e assistimos TV, temos a oportunidade de experimentar diretamente novos pensamentos que são vívidos e ricos.
  3. Porque a TV e o cinema proporcionam experiência sensorial visual, esta pode ser transmitida mais rapidamente (o velho adágio "uma imagem vale mais que mil palavras" serve muito bem aqui).
  4. Devido à Internet, essas experiências sensoriais visuais vêm de todas as partes do mundo e são virtualmente instantâneas.
  5. Em consequência dos fatores 2-4 acima, as mudanças ocorrem cada vez mais depressa. As mudanças estão ocorrendo mais rapidamente em todos os níveis: pessoal, familiar, comunitário, nacional e global.
  6. A juventude já está traumatizada, por não ser capaz de manter-se na escola. Essas mudanças rápidas aumentam o trauma. Os jovens começam a sentir-se sobrecarregados e fora de controle.
  7. As sensações de sobrecarga e descontrole, agravado pela falta de recursos para superar essa situação, gera frustração e raiva.
  8. Quando os jovens vão ao cinema e assistem TV, eles frequentemente observam ação em que os atores lidam com a frustração e a raiva e resolvem seus problemas com violência.
  9. Os jovens se identificam com os filmes e aceitam a solução de violência, particularmente quando eles vêm ao seu redor, e na TV, mais e mais jovens com problemas usando de violência para lidar com suas frustrações e raiva.

Muitos adultos são afetados, também, por esses fatores. Uma vez que a maioria deles cresceu num mundo mais calmo, com modelos exercendo papéis mais definidos, eles tiveram oportunidade de aprender alguns valores que ajudaram a manter suas emoções sob controle. Contudo, existem muitos adultos hoje em dia que estão se sentindo cada vez mais sobrecarregados e raivosos. Eles também não possuem estratégias adequadas de aprendizado para acompanhar as mudanças rápidas, como a de ter que trocar de emprego e de carreira e aprender terminologias, tecnologias e procedimentos novos JÁ. Muitas vezes, suas antigas estratégias de aprendizado (que funcionavam dentro de salas de aula mais lentas em que os professores os alimentavam de colher) falham no ambiente acelerado de trabalho.

Às vezes, esses adultos liberam sua frustração e raiva sobre suas famílias. O resultado é um alto índice de divórcio e a ruptura da unidade familiar. Depois, isso aumenta a frustração e a raiva das crianças e destrói um dos últimos bastiões de estabilidade que restavam. Elas se voltam para os grupos e gangues que estão sentindo a mesma coisa, para terem a sensação de estabilidade e de que são membros de um grupo.

Muitos adultos se perguntam por que tudo é tão diferente para os jovens de hoje, na escola. Eles argumentam ter sido capazes de alcançar o sucesso, ou pelo menos de acompanhar a escola, e não conseguem entender porque seus filhos têm tantos problemas. Há várias razões para isso:

Em primeiro lugar, nós colocamos mais conteúdo para dentro de nossas escolas. Os estudantes de hoje estão aprendendo coisas que muitos adultos só aprenderam no curso colegial ou, até, mais tarde. Na verdade, algumas das informações que nossos filhos estão recebendo agora nem sequer existiam quando nós estávamos na escola.

Em segundo lugar, estamos no meio de uma explosão de informações provocadas por todos os fatores acima citados, juntamente com a sociedade high tech que está diminuindo as fronteiras do conhecimento de maneira incrivelmente rápida.

Em terceiro lugar, nossos sistemas de disseminação de informações estão cada vez mais rápidos: computadores, TV, Internet, comunicações via satélite, etc. Nós, os adultos, estamos sobrecarregados pela explosão de informações. Nossos filhos estão ainda mais sobrecarregados por todos esses fatores e porque não têm recursos para acompanhar tudo isso. O resultado é a frustração e a raiva crescentes que estamos presenciando em nossa juventude hoje em dia.

O Problema

Quando os bebês nascem, nós ficamos admirados pela maneira como eles aprendem tudo tão rapidamente. À medida que eles crescem até os três anos, e ainda muito jovens, sua habilidade para aprender continua a surpreender-nos. A suposição não verbalizada, a pressuposição que assumimos, é de que as crianças podem aprender qualquer coisa fácil e rapidamente. Então, elas chegam à idade escolar. O ingresso na escola é ansiosamente esperado e desejado. É claro que existe alguma ansiedade, mas nós pensamos que a mesma será logo dissipada, assim que elas se acostumarem ao seu novo ambiente. Para muitas, a escola começa como uma experiência agradável, onde elas valorizam aprender coisas novas. Para outras crianças, a ansiedade gerada pelas atividades escolares e outros fatores se juntam para criar uma experiência ruim, que exerce grande efeito negativo sobre elas, pelo resto de suas vidas.

Uma das principais razões pela qual os estudantes de todas as idades têm problemas na escola é a pressuposição de que eles podem fácil e naturalmente aprender o que a escola ensina, sem que seja ensinado especificamente COMO aprender os assuntos acadêmicos. Nós lhes damos tarefas acadêmicas como ortografia ou matemática, e presumimos que eles podem e vão aprender da mesma maneira surpreendente como aprendiam antes da escola. O problema em relação a isso é que aprender na escola é MUITO diferente de aprender habilidades para as quais estamos geneticamente programadas – como andar, falar e adquirir as habilidades sociais. A palavra escrita é uma ideia ou habilidade criada pelo homem. Nós temos que aprender COMO lê-la e entendê-la.

Infelizmente, nós deixamos que a criatividade do estudante descubra a maneira de realizar essas tarefas acadêmicas. As estratégias de aprendizado que muitos estudantes usam são ineficazes, ineficientes e enfadonhas. Isso resulta em notas baixas nos testes e no trabalho escolar e em grave falta de motivação. Leva os estudantes, seus pais e seus professores a uma profunda frustração.

Até mais importante do que a frustração, porém, é o significado que o estudante, os pais, ou o professor dão às notas baixas ou à falta de motivação. Quando atribuímos significado a uma nota, nós podemos ligá-la a qualquer um dos "níveis lógicos." Muitas vezes, esse significado torna-se parte da imagem psicológica e da personalidade do estudante, sob a forma de crença limitadora. Se a crença for negativa, ela terá um efeito limitante no progresso e desenvolvimento do estudante. Por exemplo, eu falei recentemente com uma mulher de 29 anos, que me contou a história de como ela teve dificuldade em aprender a tabuada do 7. Ela foi chamada de "burra" por sua irmã mais velha, ficou traumatizada e vem carregando esse estigma desde a 4a. série. Até hoje ela tem problemas com a matemática e ansiedade na realização dos testes, embora já tenha se formado na faculdade e seja muito inteligente.

Outra história típica é a de um homem de 40 anos, que era o encarregado da sala de reuniões onde eu estava ministrando um curso. Eu notei que ele ficava no fundo da sala ouvindo com muita atenção as estratégias de aprendizado que eu estava ensinando. Num intervalo, ele veio a mim e disse: "O que você está fazendo é muito importante. Se eu simplesmente soubesse escrever e ler melhor, eu poderia gerenciar este hotel ao invés de servir café e limpar a sala. Mas não sei escrever direito, por isso não posso redigir memorandos ou cartas. Sinto-me constrangido porque escrevo muitas palavras erradas. E, já que também não consigo ler muito bem, também não seria capaz de ler os memorandos ou cartas. Quando eu estava na escola, disseram-me que eu tinha uma incapacidade para a leitura, pois eu não conseguia acompanhar os outros. Eles me colocaram em classes especiais durante todo o tempo que passei na escola. E, ainda assim, eu não conseguia fazer as tarefas. Lembro-me de um dia, na 6a. série, em que eu estava no quadro resolvendo problemas com frações e não conseguia acertar. A professora xingou-me disse: "Volte para seu lugar. Você é um idiota e nunca será capaz de aprender". Isso me aconteceu muitas vezes, e eu saí da escola na 10a. série, porque não adiantava mais ir para a escola. Depois, eu tive problemas e estive preso. Agora estou fora e tenho uma família, da qual estou tentando cuidar bem. Mas sou limitado, porque não posso escrever e nem ler muito bem".

O curso que eu estava dando era baseado no meu livro Rediscover the Joy of Learning, e eu convidei aquele cavalheiro para contar sua história aos meus alunos. Meu comentário foi "É disso que estamos tratando. O que vocês estão aprendendo pode ajudar a evitar que isso aconteça em nossas escolas." A notícia boa é que eu convidei esse homem para assistir o curso e alguns dos estudantes ensinaram-lhe estratégias de aprendizado. Ele foi capaz de aprendê-las rápida e facilmente e ficou muito entusiasmado com suas novas habilidades!

Se ouvirmos a maneira como ele descreveu a si próprio, poderemos perceber as várias crenças que tinha, nos diferentes níveis lógicos:

  • "Eu não posso escrever nem ler bem" é uma crença limitante no nível de capacidade.
  • "Não adiantava ir à escola" é uma crença limitante no nível do sistema superior e no nível de identidade.
  • "Eu sou idiota, e não posso aprender" está no nível de identidade e de capacidade.
  • "Não posso ler ou escrever memorandos ou cartas" está no nível do comportamento.

Aprender as estratégias de aprendizado é importante. Mais importante ainda, no entanto, é ajudar a pessoa a trocar suas crenças limitantes nos níveis lógicos por crenças que fortaleçam o aprendizado.

Suponhamos que um estudante tenha sido reprovado num teste de escrita. Exemplos de diferentes significados que poderão ser atribuídos aos diferentes níveis lógicos apareceriam nos padrões de linguagem e seriam mais ou menos assim:

Afirmações em Nível Lógico

Sistema Superior/Espiritual

"A escola não tem capacidade para nos ensinar a escrever as palavras."

Identidade

"Eu sou idiota."

Crenças/Valores

"Aprender a escrever as palavras é muito difícil."

Capacidade

"Eu não sei como escrever as palavras."

Comportamento

"Devo praticar a ortografia das palavras 5 ou 10 vezes?"

Ambiente

"A sala de aula é muito barulhenta."

Às vezes, o aluno dá o próprio sentido. Outras vezes, pessoas importantes fazem a ligação (como a mulher de 29 anos acima citada). Uma vez atribuído o significado, ele age como um pensamento-vírus, que rapidamente se espalha por todos os níveis lógicos.

Em minha experiência, quando se ensina a um estudante esforçado COMO APRENDER de um jeito que realmente funciona, uma corrente de reações de sucesso é acionada. Eventualmente, isso pode afetar positivamente a autoestima. Especialmente se outras pessoas importantes para ele (professores e pais, por exemplo) souberem como oferecer um feedback positivo nos níveis lógicos apropriados E como mudar as crenças limitantes nesses vários níveis. A mudança dessas crenças torna-se um antídoto para o pensamento-vírus.

Outra maneira que eu uso os níveis lógicos é observando como os estudantes recebem o feedback (resultados de testes, correção oral, etc.). A maioria de nós tem uma reação automática contra o feedback negativo. Isso vai desde "Eu fiz alguma coisa errada" até "Eu sou um fracasso." Muitos estudantes recebem nota baixa num trabalho escolar ou num teste (cujo feedback é em nível comportamental) e levam o significado disso ao nível de identidade. Dão ao fato uma conotação pessoal, assumindo que a nota significa algo relacionado a eles como pessoas. Outros estudantes atribuem significado em nível de crenças/valores, depreciando o valor do aprendizado ou a matéria. Outros, interpretam no nível superior e culpam o sistema escolar ou os professores. Ainda outros, atribuem ao nível de capacidade, supondo que uma nota baixa significa que eles são incapazes.

Se um estudante simplesmente aceitasse a nota como feedback em nível comportamental e, assim, aprendesse quais os comportamentos que ele precisa mudar, o resultado não seria tão traumático, ajudaria mais e seria mais fácil de utilizar. A finalidade do feedback é possibilitar fazer ajustes e melhorias. No entanto, quando ocorre o fenômeno acima, o estudante, às vezes, fica traumatizado e desenvolve crenças inúteis e limitantes em todos os níveis lógicos.

A resposta para se lidar com a frustração e a raiva está na maneira como se lida com os processos básicos que as causam. A pressuposição de que as crianças sabem como aprender na aula é apenas uma das pressuposições falsas que minam os fundamentos de nosso sistema escolar. Nossos sistemas escolares estão baseados em fundamentos duvidosos, formados por suposições ou pressuposições errôneas, que ditam a maneira como devemos nos comportar e operar dentro do sistema. Essas pressuposições falsas foram herdadas através dos anos e consideradas naturais pois, como se costuma dizer, "elas são simplesmente a maneira como fazemos as coisas." Analisá-las mais profundamente nos dará a oportunidade real de fazer mudanças significativas. Algumas dessas pressuposições são:

Pressuposições comportamentais de nossas escolas

Os alunos sabem naturalmente como aprender na sala de aula.

Eu trabalho na área de educação há anos, e isso nunca me ocorreu até que comecei a notar que aquilo que os alunos tentavam fazer para cumprir as tarefas acadêmicas não funcionava, e eles não sabiam de que maneira fazer diferente. Então, percebi que NINGUÉM (ou pelo menos nenhuma parte oficial do sistema) estava assumindo a responsabilidade de ensinar às crianças como aprender na sala de aula. Certamente, alguns professores compartilham individualmente algumas de suas estratégias de aprendizado com os estudantes mais aplicados, mas nenhuma parte do sistema escolar faz isso de maneira sistemática.

O resultado é devastador para os estudantes, porque eles supõem que algo está errado com eles, quando não conseguem realizar as tarefas que lhe são designadas. E os seus pais também. E nós todos. A verdade é que a maior parte dos estudantes faz o melhor que pode com aquilo que sabe fazer. Se não funcionar, ou se não funcionar bem, eles não sabem que devem fazer algo diferente. A ideia não foi desenvolvida porque nós pressupomos que eles já sabem como aprender.

Todos os estudantes aprendem na mesma velocidade e da mesma maneira.

Na era industrial, nossas escolas foram projetadas à semelhança das fábricas. Colocamos os estudantes na mesma sala, de acordo com a idade, e começamos a ensinar o conteúdo para aquele nível de conhecimento. Isso pressupõe que todos os estudantes aprendam da mesma maneira e na mesma velocidade. Sabemos que não é assim, contudo continuamos com a mesma prática. Essa pressuposição, combinada com a que vem a seguir, praticamente garante que muitos estudantes fiquem traumatizados.

Uma certa percentagem de estudantes fracassará e/ou terá um desempenho muito fraco na escola.

A curva do sino (curva normal) já se tornou quase um ícone na educação, o que justifica a pressuposição de que alguns estudantes fracassarão e/ou terão um fraco desempenho. Na verdade, se um professor dá A e B para todos, será acusado de facilitar e inflacionar as notas. Mas, como seria se nós presumíssemos que todos os estudantes são capazes de aprender igualmente bem e os ensinássemos a ter sucesso na sala de aula? Que tal se esperássemos que todos os estudantes aprendessem rápida e facilmente na sala de aula? Como é que isso afetaria nossas escolas? Como afetaria os estudantes?

Por quanto tempo uma empresa subsistiria no mundo corporativo, se a expectativa fosse de que 20-30% de seu produto fosse de má qualidade e mal acabado?

O sistema escolar é mais importante do que o estudante.

A reação mais comum a algumas dessas pressuposições é "De que outra forma poderíamos conduzir nossas escolas?" Mesmo que saibamos estar prejudicando os estudantes, continuamos com a prática, a fim de que o sistema possa funcionar. Parece que estamos fazendo algum tipo de negação em relação ao trauma que estamos causando aos nossos estudantes.

Mais dinheiro resolverá todos os problemas de nossas escolas.

A solicitação de mais fundos para as escolas domina nossas atividades de lobby, legislativas e até de relações públicas. Minha preocupação é de que mais dinheiro será usado exatamente para perpetuar o sistema atual. E, se essas pressuposições realmente são sintomas da base falsa sobre a qual nossas escolas estão operando (como acredito que estão), então mais dinheiro simplesmente vai impedir-nos de corrigir sérios defeitos e de procurar soluções estruturais.

Os estudantes são motivados unicamente pela punição e/ou recompensa.

Todo o nosso sistema de avaliação está baseado nessa pressuposição, inclusive a ameaça de suspensão, expulsão e outras punições radicais. A verdade é que existem maneiras muito melhores de motivar os estudantes, que combinam com suas estratégias naturais de motivação. Essas estratégias naturais de motivação que utilizam os critérios mais altamente valorizados pelo estudante, propõem uma situação de ganha/ganha, que oferece opções valorizadas e motivadoras.

Atividade de aprendizagem faz com que o aprendizado aconteça.

Muitas vezes, estudantes têm me dito que foram bons no aprendizado de ortografia, ou vocabulário, etc. No entanto, pela minha experiência, a estratégia deles para essas tarefas era inadequada. Quando investigo a maneira como eles estavam encarando o sucesso, descubro que estavam cumprindo tarefas que não contribuíam para o processo de aprendizado, mas eram fáceis de executar. Por exemplo, eles tinham que copiar cada palavra 10 vezes e entregar. Ou procurar no dicionário o significado de palavras, copiá-las e entregar. Quando o estudante cumpria essa tarefa enfadonha conforme lhe era pedido, ele recebia notas altas, mas quase nenhum aprendizado. Uma vez que a maior parte dos professores não é treinada sobre como funciona a mente, ou como ocorre o aprendizado em nível de processo, eles marcam as tarefas que são sugeridas pelos editores de livros. A PNL têm uma oportunidade de ouro para tornar-se uma grande força em ensinar como aprender melhor.

Algo está errado com o estudante que tem um fraco desempenho na escola.

Somos uma sociedade acostumada a atribuir culpa, ou a encontrar quem errou quando algo vai mal. Infelizmente, quando um estudante não está se desempenhando bem na escola, nós automaticamente o culpamos por isso. Geralmente, acusamos o estudante de não estudar o suficiente, ou de não estar motivado, de ser preguiçoso ou de ser rebelde ou estúpido. Muitas vezes, nós o rotulamos como incapaz de aprender. Depois de algum tempo, quando esse resultado se torna insuportável, o estudante começa a acreditar nesses rótulos, o que afeta sua autoestima de maneira devastadora.

Quanto melhor o professor, melhor o aprendizado.

A razão pela qual eu incluo isso aqui não visa a diminuir os grandes professores, mas a mostrar que a verdadeira responsabilidade pelo processo de aprendizado está no estudante. Também, o fato de acreditar que isso depende de encontrar o professor certo impede-nos de resolver os problemas que estão limitando nossas escolas. Além disso, se nós mudarmos as pressuposições que baseiam a maneira como conduzimos nossas escolas e como tratamos uns aos outros, os grandes professores realmente serão fortalecidos e poderão fazer seu trabalho de forma ainda melhor.

Algumas pressuposições fortalecedoras

Portanto, se nossas escolas funcionarem livres de pressuposições errôneas, que outras pressuposições fortaleceriam os estudantes, os professores, os administradores e os pais? Tenho certeza de que encontrarei mais algumas, mas quando visualizo nossas escolas operando com os pressupostos da Programação Neurolinguística (PNL), as mudanças em todos os níveis lógicos me parecem extraordinárias.

Imagine você mesmo, colocando-se em segunda posição em todos os níveis lógicos, como seria estar num sistema escolar que funcionasse com as seguintes pressuposições, para um estudante, um professor, um administrador da escola, um pai, ou o público em geral:

  1. Atrás de todo comportamento existe uma intenção positiva.
  2. Não existe fracasso, existe apenas resultado.
  3. Nós escolhemos o melhor comportamento baseados nas escolhas que conhecemos e no nosso modelo de mundo.
  4. Um maior número de escolhas é melhor do que um número limitado delas.
  5. Se é possível no mundo, é possível para mim aprender.
  6. Qualquer coisa pode ser aprendida, se for adequadamente apresentada por partes.
  7. O mapa não é o território, é apenas um filtro de percepção.

Eu orientei um grupo de Practitioners de PNL através deste exercício, e todos nós concordamos que, se pudéssemos colocar simplesmente a primeira pressuposição em nossas escolas, isso teria um efeito transformador sobre nós e as escolas. Se todas as outras fossem implementadas, não existiriam frustração e raiva crônicas. Existiriam apenas professores, estudantes, pais, administradores e público em geral MUITO capazes e focalizados em auxiliar a todos a desenvolver o seu mais alto potencial. Agora, imagine em que se tornaria o mundo quando esses estudantes se formassem, se tornassem pais, começassem a trabalhar e a assumir posições de liderança. MARAVILHOSO!!! Nós estaríamos realmente ajudando a fazer do mundo um lugar melhor para se viver.

Publicado na Anchor Point de OUT/98 e no Golfinho impresso jan/99 nº48
Trad. Hélia Cadore
Revisão: Maria Helena Lorentz

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