SIPP - O Inventário dos Subsistemas dos Fenômenos Psicológicos

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sex, 23/01/2004

SIPP: The Subsystems Inventory of Psychological Phenomena

Enquanto aprendia PNL você alguma vez teve a impressão (expressada por um dos estudantes de Practitioner de Tim Murphey): "Eu recebi uma grande quantidade de boas informações, mas eu não sei onde colocá-las ou como organizá-las."

Após seu início a partir de certos modelos básicos, a PNL progrediu e produziu muitas coisas que não eram óbvias ou previsíveis no início. Enquanto desenvolviam numerosas novas possibilidades e distinções algumas pessoas também trabalharam na "grande imagem," sobre diferentes títulos. Apenas para citar alguns: Robert Dilts elaborou certos modelos gerais, Wyatt Woodsmall escreveu sobre Teoria Geral do Campo, John Grinder usa a ideia do Novo Código de PNL com ênfase no pensamento sistêmico de Bateson (e nos ensinamentos de D. Juan, de Carlos Castañeda) e assim por diante.

Às vezes pequenas porções de PNL podem parecer a certas pessoas uma coleção de "técnicas" vindas de áreas discrepantes. Embora estrutura e categorização possam restringir o pensamento, algumas vezes também causam classificação, expansão e o enriquecimento de modelos simples, para não mencionar ensino e aprendizagem.

SIPP IT - Use o Inventário dos Subsistemas dos Fenômenos Psicológicos

O modelo abaixo - Inventário dos Subsistemas dos Fenômenos Psicológicos - , ocorreu-me após diversos anos de estudo da PNL e após estar familiarizada com o trabalho de Connirae e Steve Andreas, e Tad James. Ele torna explícito algo importante que é inerente ao trabalho deles. O modelo é uma explanação sobre como os subsistemas de linguagem, experiência sensorial, fisiologia, comportamento e interação social se entrelaçam e o que ocorre quando entramos na experiência de uma pessoa através de um destes sistemas.

Por exemplo quando fazemos uma simples mudança no tempo do verbo e nosso cliente acompanha esta mudança a experiência sensorial também muda ( se o tempo do verbo muda do presente para o passado a imagem mental pode mudar sua localização e mover-se para o passado na linha do tempo do cliente). A fisiologia associada ao assunto que está sendo trabalhado muda também e seguidamente o comportamento relacionado muda no mesmo momento. Dependendo do assunto, a mudança pode acontecer também ao nível da interação social. Embora isto seja familiar para muitos PNListas é também muito interessante porque nos dá informações de como o metasistema chamado ser humano funciona e de como os subsistemas funcionam dentro dele. Estudar como diferentes sistemas afetam uns aos outros pode também auxiliar-nos a organizar mais claramente os mapas do nosso trabalho de mudanças da PNL.

Eu conceitualizo o fenômeno acima mencionado da seguinte forma: quando pensamos sobre qualquer dos fenômenos psicológicos (dê uma olhada em "Contents" de qualquer livro texto em psicologia) existem pelo menos 5 subsistemas paralelos e simultâneos nos quais cada um dos diferentes fenômenos psicológicos existem ao mesmo tempo. Isto quer dizer: qualquer experiência pode ser expressada através do uso da linguagem e quando isto ocorre, existe na forma da linguagem que a pessoa está utilizando.

Graças a PNL sabemos agora que, quando a pessoa muda as palavras e a estrutura da linguagem que ela está utilizando quando expressa alguma experiência , ela muda também a experiência (Andreas, 1987, 1992; James 1989). É por isso que podemos dizer que a experiência EXISTE COMO LINGUAGEM, da pessoa que está falando sobre ela. Mas ao mesmo tempo a mesma experiência EXISTE como UMA EXPERIÊNCIA SENSORIAL: na forma das imagens internas,sons e sensações que são evocadas com ela. Nossa habilidade de calibrar nos diz que a mesma experiência EXISTE também como FISIOLOGIA, assim como a fisiologia do cliente muda quando o tempo do verbo no seu discurso muda ou quando as submodalidades da experiência interna são mudados. Tudo isto forma a base do comportamento, por isso podemos dizer que a experiência também EXISTE COMO COMPORTAMENTO. Acresce ainda que muitas experiências estão ligadas com relacionamentos entre pessoas e elas EXISTEM também como INTERAÇÃO SOCIAL. Assim temos dentro do metasistema do ser humano pelo menos 5 subsistemas maiores.

(Note que termos "meta" e "sub" são relativos, porque seres humanos podem ser "um subsistema" de um sistema maior (família, sociedade, planeta); e a experiência sensorial por exemplo pode conter seus próprios "subsistemas" (visual, auditivo, cinestésico e etc.).

Quando nós seguimos os níveis lógicos e posições perceptuais de Robert Dilts alguns fenômenos psicológicos dos mais simples aos mais complicados, nós temos a grade do SIPP (ver figura abaixo).

Grade
do
SIPP

subsistema
de
linguagem

subsistema
da experiência
sensorial

subsistema
da fisiologia

subsistema
do
comportamento

subsistema
de
papéis sociais

reação
emocional
simples
simples
recordar
algo

 
estado
motivação
ou outra
estratégia

crença
valor

 
identidade

A Existência de uma crença em vários subsistemas

Tomemos por exemplo uma crença. Digamos que a tenhamos eliciado no subsistema de linguagem e ela diz: "Eu não posso dar nada, porque se eu der, então eu perco e me torno vazio". Nós podemos também eliciar a experiência sensorial relacionada a ela (talvez seja uma imagem silenciosa, imóvel e panorâmica, bastante alta, acima do nível dos alhos, o silencio faz parecer algo muito resistente). Podemos calibrar a fisiologia associada (o cliente se inclina para trás, a voz é baixa, esquece de respirar por algum tempo etc.). Sob o controle desta crença ela tem um certo repertório de comportamento e esta crença guia seu comportamento também nos relacionamentos sociais. Se nós escolhemos mudar a crença podemos operar dentro de qualquer dos subsistemas:

  1. Podemos usar padrões de linguagem e algumas vezes "manejar" para mudar a crença de onde está,
  2. Podemos fazer a Mudança de Crença que opera na experiência sensorial,
  3. Podemos usar âncoras e ancorar sua fisiologia através de um conjunto de estados de tal forma que a crença mude,
  4. Podemos até dar-lhe uma tarefa para cumprir (um método que Milton Erickson usou muito) e desta forma ser capaz de mudar a crença.

Se trabalhamos com ideias em terapia familiar, podemos mudar interações dentro da família.

Agora as hipóteses são:

  1. Quaisquer fenômenos psicológicos existem ao mesmo tempo nestes 5 subsistemas
  2. Podemos trabalhar dentro de qualquer dos sistemas, embora os métodos variem de acordo com cada sistema
  3. Se uma mudança é produzida através de qualquer dos subsistemas, ela se espalha sem demora para todos os outros subsistemas. Mesmo se diferentes subsistemas são desenvolvidos dentro de uma certa ordem durante o crescimento de um ser humano, o adulto maduro é um sistema no qual eles são automaticamente interconectados e mudam como uma rede de nervos, ou conjunto de células (Hebb 1949/1993), com ativação espalhada (Pfeister, 1992).
  4. Por causa do número 3, a confirmação de que um processo produziu mudança será uma mudança em qualquer outro sistema que aquele dentro do qual estamos trabalhando. Na realidade como a rede nervosa é única, a mudança se processará em todos os subsistemas.

Não é uma tarefa fácil mostrar através de pesquisa os resultados das psicoterapias. Os problemas são muitos e as soluções poucas. Quando você faz, por exemplo, uma terapia de 2 anos, como você sabe o que contribuiu para a mudança? Foi algo que o terapeuta fez? E se foi isso, como pode ele saber o que foi? Ou foi algo que aconteceu fora do ambiente terapêutico? Afinal a maior parte do tempo o cliente está fora do "ambiente terapêutico". Um psicólogo me disse: "Meu cliente não falava quando iniciou a terapia. Após 2 anos de terapia ele começou a falar. Isto significa que a terapia o ajudou." Isto pode ser verdade, mas não há forma de sabê-lo: talvez algo mais tenha acontecido na vida do cliente, talvez ele até teria começado a falar mais cedo se não tivesse vindo para a terapia, ou se tivesse ido a uma outra forma de terapia. Já houve alguém que nunca tenha falado e que começou a falar em 2 anos sem terapia?

O psiquiatra, psicoterapeuta e pesquisador Anthony Ryle coloca isso nos seguintes termos: "Quanto mais longo for o problema e quanto mais breve for a terapia, mais se pode atribuir a que algo na terapia contribuiu para a mudança." (Ryle 1989) Se há uma fobia que durou 20 anos e é curada em uma sessão de PNL, temos fortes evidências para acreditar que a Cura Rápida de Fobia fez isto.

Mas embora isto não seja suficiente por si só em pesquisa, porque nós temos que explicar a nível de processo o que realmente aconteceu.

A ideia de subsistemas nos dá ainda um novo ponto de vista. Nós temos um modelo simples com o qual podemos estudar a mudança dentro da pessoa. Agora podemos estudar uma pessoa e usar como critério de mudança um outro sistema dentro daquela mesma pessoa. Podemos até ser capazes de fazer predições sobre como a estrutura da linguagem do cliente mudará após o trabalho de submodalidade; ou que mudanças ocorrerão no subsistema da experiência após trabalhar com a linguagem etc.

Se realmente podemos fazer a pesquisa dentro de uma pessoa, nós não precisamos mais do grupo de controle, o qual tem sido um problema no planejamento de pesquisa.

Eu achei a ideia do SIPP muito útil nos treinamentos de Practitioner e Master para trazer uma certa organização na diversidade da PNL. Naturalmente há uma série de questões a serem respondidas. Uma destas questões é o que Tim Murphey perguntou após tomar conhecimento do SIPP: E a incongruência e a contradição? Há 2 diferentes tipos de rede de nervos com diferentes subsistemas, ou estão estes mesmos subsistemas em lados diferentes da incongruência? Perguntas interessantes.

Publicado na Revista Anchor Point, JUN/93

Tradução: Evanice L. Pauletti
Revisão: M. Helena Lorentz - Trainer de PNL
Publicado no Golfinho Impresso Nº 7 de maio/1995

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