Desempenho e Alinhamento: orientação (coaching) pela PNL

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qui, 15/08/2002

"E então, o que é a PNL?"

Desde meados dos anos 80 venho ensinando PNL, e há 10 anos sou trainer. Mas, quando alguém me pergunta o que é a PNL, eu ainda titubeio. Não é fácil dar uma definição concisa e compreensível da PNL sem deixar de mencionar aspectos importantes desse campo.

Pode-se repetir uma daquelas sentenças clássicas, encapsuladas, como: "PNL é o estudo da estrutura da experiência subjetiva." A definição chave (originalmente oferecida por John Grinder, se não me engano) aponta para o nosso interesse naquilo que torna as pessoas notáveis. E isso inclui a noção de estrutura, refletindo o interesse da PNL que vai desde a padronização e generalização da experiência individual até os modelos mais gerais daquilo que funciona.

Mas essa é, também, uma definição de "terceira posição". E a PNL tem um forte interesse em desenvolver nossas próprias capacidades e coerência. Assim, o famoso elo de Richard Bandler de "aprender a usar nossos processos mentais" oferece um resumo suplementar na "primeira pessoa". Distingue a PNL de algo que, de outra forma, poderia ser ensinado como um ramo da psicologia. A PNL não diz respeito apenas a um posicionamento objetivo; ela busca, também, a realização do potencial de cada um.

No entanto, com a definição de Bandler, a PNL oscila entre outros sistemas de auto- desenvolvimento que também encorajam o domínio dos processos interiores, desde a Psicossíntese até o Budismo Tibetano. Mas, o que distingue a PNL?

Assim, chegamos a um terceiro elo em nosso campo: "A PNL é a modelagem da excelência". Essa definição introduz a "segunda posição", que também tem parte importante na PNL. Aponta para um elemento importante na singularidade da PNL, ou seja, a capacidade de chegar à parte mais profunda das vidas das pessoas e tocar o coração daquilo que as torna mestras.

É claro que a verdade está em algum lugar no meio dessas definições. A PNL é singularmente e ao mesmo tempo, um estudo psicológico, um sistema de desenvolvimento pessoal, e uma disciplina de modelagem sem precedentes. A PNL não é terapia, nem ciência, nem simplesmente desenvolvimento pessoal, mas uma disciplina que toca todas essas áreas.

Através de sua história "esquizofrênica", a PNL tem oscilado entre as forças e fraquezas implícitas nessas definições parciais, cada uma exata em suas partes, mas incompleta em relação ao todo, ora pretendendo ser um campo sério de estudo, um metamodelo capaz de abranger outras formas de pensar dentro de seus amplos papéis epistemológicos, ora um sistema de desenvolvimento pessoal, e uma maneira de explorar as riquezas da excelência humana.

Orientador (Coaching): A Nova Profissão

Mas, enquanto a PNL vem se desenvolvendo e se debatendo com suas tendências híbridas, uma nova profissão começa a emergir, e que também se inscreve a meio caminho entre a terapia pesada e a necessidade de muitas pessoas de encontrar um forma de realizar suas tarefas com mais eficiência e de melhorar suas vidas: a orientação.

Como um "treinador", o "orientador" atua como se estivesse num campo de esportes, onde a intensificação de habilidades é crucial. Mas, enquanto a metáfora do treinador implica em moldar o comportamento do treinando para instalar nele os resultados desejados pelo treinador, a metáfora da orientação implica em persuadir e guiar o potencial já presente dentro do orientando, ajudando-o a definir e realizar seus próprios resultados.

Do campo de esportes, os orientadores migraram para toda parte. Orientadores de vida, orientadores profissionais, orientadores pessoais, muitos milhares deles somente nos Estados Unidos, preparando as pessoas para o sucesso, ajudando-as a resolver problemas, até mesmo oferecendo um elemento de psicoterapia àqueles que necessitam de alguma re-orientação profunda em suas vidas, mas que correriam quilômetros para se afastar de qualquer coisa que formalmente se declarasse como "terapia".

A PNL e a Orientação

A PNL acordou tarde para o jogo; porém, uma olhada pelas páginas da Anchor Point sugere que estamos chegando lá. Anúncios sobre cursos de Orientação pela PNL estão em destaque. E com razão. Sob muitos aspectos, aquilo que Bandler, Grinder e os trainers da primeira geração da PNL estavam desenvolvendo era realmente um modelo sofisticado de orientação, bem antes que as pessoas se ligassem a essa noção.

Nos anos 1980, a PNL já possuía quase tudo que um bom modelo de orientação necessita: ênfase na definição de recursos para focalizar resultados práticos, uma caixa de ferramentas para modelar os pinos e parafusos da grandeza, de modo que o comum dos mortais tivesse emulação suficiente para modelar os hipertalentosos dos Jogos Olímpicos, ênfase sobre a estrutura interna dos processos interiores e algumas ferramentas precisas para eliciá-las, e uma série de modelos capazes de ajudar a substituir padrões negativos, usando estratégias mais úteis para o sucesso em muitas áreas da vida.

Desempenho e Alinhamento

Com ênfase na pragmática e na orientação para o alcance da eficiência pessoal, a PNL logo apelou para um amplo grupo de profissionais em muitos países, que estavam procurando aumentar seu desempenho no trabalho, em diversos campos.

Mas, praticamente desde o início, a PNL também reconheceu que a melhoria do desempenho segue de mãos dadas com um maior alinhamento pessoal, que é a outra metade da charada. A coerência interior e a congruência do indivíduo fazem toda a diferença no desempenho, particularmente no practitioner que deseja ajudar outros.

E assim, desde seus primeiros dias, a PNL tem buscado irregularmente, - através de elementos como "Círculo de Excelência", "Verificação da Ecologia" e "Alinhamento dos Níveis Lógicos" - o aumento do desempenho e do alinhamento, tanto do practitioner como dos clientes.

O reconhecimento da importância de situar a melhoria do desempenho dentro de um contexto de alinhamento pessoal cada vez maior – para encontrar nossa "autêntica vocação", com a qual nascemos, – é parte importante daquilo que a PNL oferece como metodologia de orientação.

A PNL e o Desenvolvimento

A fraqueza da PNL como modelo de orientação consiste na falta de qualquer conceito de desenvolvimento. A orientação moderna vai além da formação do comportamento e do suporte ao novo aprendizado, para ajudar a negociar a excelência do desenvolvimento individual e corporativo. Desde seu início, a PNL tem sido focalizada como facilitadora da mudança. Seus métodos têm sido muito eficientes para influenciar o comportamento e dar suporte ao domínio de novas habilidades.

Não obstante as linhas de tempo, a PNL geralmente opera com uma visão do tempo a curto prazo. As intervenções da PNL são destinadas a funcionar em quase todos os momentos da vida da pessoa, sem considerar muito onde ela se encontra no desenvolvimento da história de sua vida como um todo. A principal exceção diz respeito à adaptação da PNL à maneira como é usada com crianças.

Contudo, os problemas encontrados pelo orientador nem sempre podem ser facilmente traduzidos de uma maneira linear em estado atual, estado desejado, mais modelo de recursos. O crescimento opera de maneira mais subterrânea, indo desde fases completas até transições da vida da pessoa. O crescimento não pode ser comandado; ele nos convida a recebê-lo.

Tem havido algum reconhecimento da necessidade de uma compreensão mais rica do desenvolvimento, pelo uso do modelo Graves por alguns trainers, pela consideração do "Espectro da Consciência" de Wilber por outros, e por minha própria tentativa, com Nelson Zink, de articular um modelo de "Níveis de Desenvolvimento" (Nelson Zink e Peter Wrycza, "Levels of Development," NLP World, II, 3, Nov. 95, 5-27).

Mas, tais modelos são realmente apenas o começo do reconhecimento de que tanto a necessidade de mudar como a de aprender devem ser contextualizadas com o desenvolvimento geral do indivíduo ou da organização. É necessário fazer muito mais para fortalecer o modelo da PNL nessa direção. Eu tenho tentado isso com meu colega Belga, Jan Ardui, formulando "A Way of Unfolding" (assunto de um artigo e de um livro que serão lançados), no qual nós situamos a mudança comportamental e contextual em relação ao aprendizado de que necessita e ao crescimento do qual resulta ou estimula.

Alguns elementos suplementares também são necessários, quando planejamos realizar a orientação num contexto profissional, seja numa empresa ou como orientador externo contratado por uma organização.

Mas, nas condições atuais, e contando com uma rica estrutura para o relacionamento com o processo geral de desenvolvimento, tanto do indivíduo como do sistema, é hora da PNL redefinir e resituar seu próprio papel, usando suas forças para utilizar o melhor modelo de orientação disponível. O formidável conjunto de modelos e métodos da PNL torna precisa sua abordagem à arte da orientação e confere-lhe autoridade para isso. Quando as pessoas perguntam: "O que é a PNL?", agora posso dizer: "É a abordagem mais sofisticada que existe para a orientação (coaching)."

E, se quiserem mais detalhes, eu posso explicar por que assim é: porque ela oferece uma metodologia poderosa para descobrir a estrutura da experiência subjetiva, ajudando- nos a modelar a excelência em qualquer campo. E ela usa os frutos dessa modelagem para ativar uma quantidade muito maior de nossos recursos interiores, de modo que nosso desempenho e nosso alinhamento se tornem e permaneçam como melhores amigos, à medida que crescemos e nos desenvolvemos.

Artigo da revista Anchor Point de maio 2002
Trad. Hélia Cadore

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