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A Programação Neurolinguística (PNL) foi definida como o "estudo da estrutura da experiência subjetiva". Existe, entretanto, um ramo da experiência subjetiva que tem recebido pouca atenção – a metafórica e simbólica. Esse é o tema do nosso livro recém publicado, Metaphors in Mind: Transformation through Symbolic Modelling. O resumo a seguir descreve como a Modelagem Simbólica se formou e a maneira que está sendo aplicada na educação.
Modelando David J. Grove
Na década de 1980, o psicoterapeuta David Grove percebeu que muitos dos seus clientes descreviam naturalmente os seus sintomas em metáforas. Ele descobriu que quando indagava sobre essas metáforas usando as próprias palavras do cliente, a percepção deles sobre seus problemas começava a mudar. Isso o levou a criar a Linguagem Clara, um método de fazer perguntas simples sobre as metáforas dos clientes, o que não as contaminava e nem as distorcia.
Para descobrir o que David Grove fazia, nós usamos um processo chamado de modelagem. Isso envolveu a observação do seu trabalho com os clientes (inclusive nós) e longas horas debruçados sobre gravações e transcrições. Procurávamos os padrões do que ele fazia e a maneira como os clientes reagiam e o que contribuía para as mudanças que eles experimentavam. Nós combinamos esses padrões num modelo generalizado que foi testado e ajustado – passando pela observação, detecção de padrão, construção do modelo, testes e muitos aperfeiçoamentos. Nós chamamos o resultado de Modelagem Simbólica.
Modelagem Simbólica em poucas palavras
A modelagem simbólica é um método que ajuda as pessoas a ficarem familiarizadas com a organização das suas metáforas de tal modo que elas descubram novas maneiras de perceberem a si mesmas e o seu mundo. A Linguagem Clara é usada para facilitar as pessoas a prestarem atenção nas suas expressões metafóricas e assim conseguir criar um modelo das percepções simbólicas da sua mente e corpo.
Esse modelo existe como um mundo de quatro dimensões, ativo e natural, dentro e ao redor delas. Quando elas exploram esse mundo e a sua lógica inerente, suas metáforas e seu modo de ser são respeitadas. Durante esse processo as suas metáforas começam a evoluir. Quando isso acontece, também muda o pensamento cotidiano, suas sensações e o comportamento correspondente.
Embora a Modelagem Simbólica seja baseada no trabalho de David Grove, incorporando muitas das suas ideias, a abordagem é descrita de uma maneira diferente. O nosso modelo explora a linguística cognitiva, a teoria dos sistemas auto-organizados e a PNL. Também foi formada pelo nosso desejo que outros pudessem usar o processo com facilidade e para ser aplicada numa variedade de contextos além da psicoterapia.
Aplicações na Educação
Educadores estão aplicando a Modelagem Simbólica de inúmeras maneiras. Os cinco exemplos a seguir, de contextos diferentes, mostram como, com um pouco de criatividade, o uso da metáfora gerada pelo estudante (autógena) e a Linguagem Clara estão contribuindo para a educação.
1. PROBLEMA DE MATEMÁTICA
Um aluno que tinha grande dificuldade com matemática pensava que era estúpido se não conseguisse dar uma resposta imediata para um problema de matemática. Ele disse: "Eu sei que sei a resposta, mas não consigo encontrá-la." Caitlin Walker o ajudou, modelando simbolicamente como ele encontrava as respostas para os problemas fáceis de matemática: "É como se o problema subisse de elevador e quando descesse eu tinha a resposta." Ele descobriu que uma das diferenças entre problemas fáceis e difíceis era o tempo que o elevador levava para descer. Ele descobriu, para seu prazer, que se o problema era difícil e ele esperasse muito tempo, o elevador retornava com a resposta ou com uma pergunta esclarecedora. Ele também percebeu que ficar preocupado impedia que o elevador descesse, e que em alguns problemas difíceis as portas do elevador emperravam. Quando ele descobria como colocar óleo nas portas e esperar, havia progresso na matemática e também na sua autoconfiança.
2. CONTROLE DA RAIVA
Caitlin Walker também usou a Modelagem Simbólica com um grupo de adolescentes cujo comportamento resultou na exclusão deles do sistema escolar. Esses jovens não faziam ideia de como controlar a raiva e se tornavam violentos com a mais leve provocação. Foi facilitado para que cada um do grupo identificasse uma sequência metafórica de eventos; começando com o que aconteceu no instante antes deles ficarem com raiva, e como o processo ficar com raiva resultou em violência física. Cada metáfora deu a seu possuidor uma linguagem com a qual ele descrevia a sua experiência, um modo de reconhecer os primeiros sinais de advertência, e meios de intervir no seu próprio comportamento para prevenir a repetição do padrão raiva/violência.
Um dos jovens tinha um "radar" que detectava quando alguém estava pensando em começar uma briga, o que o levava a atacar primeiro. Depois que ele modelou sua estratégia, outros no grupo disseram que como eles esperavam que ele começasse a briga, eles se "preparavam para a guerra" sempre que ele estava por perto. Ele se deu conta que o seu radar detectava o medo dele ser atacado primeiro. Durante alguns meses, ele descobriu que "diminuindo" o seu radar, podia "neutralizar" muitas situações antes dele "começar a explodir". Apesar de aprender como controlar sua raiva na sala de aula, ele escolheu continuar com seu radar ligado do lado de fora "porque é o que me mantém vivo nas ruas".
3. RESPEITO NA SALA DE AULA
Uma professora criativa, Susie Greenwood, usou a Linguagem Clara como um meio de reagir à classe das crianças de 11 anos quando elas se opunham a assistir um vídeo de educação religiosa.
Uma criança gritou: "Isso não é justo." Susie escreveu exatamente essa frase no quadro e disse para a classe: "E isso não é justo. E quando não é justo, tem alguma coisa a mais que também não é justo?" Ela foi bombardeada com respostas, incluindo "Você é egoísta", que ela escreveu no quadro. E quando perguntaram para a classe: "E que tipo de egoísta é este egoísta?", uma criança se aventurou: "Você está irritada", o que também foi escrito no quadro. "E o que acontece logo depois que eu estou irritada?" recebeu diversas respostas, incluindo "Você não está irritada, está incomodada". Quando ele escreveu isso no quadro, Susie perguntou "E qual é a diferença entre irritada e incomodada?" A primeira resposta era "Existe respeito." "E quando existe respeito, o que acontece depois?" Tantas mãos se levantaram que ela pediu que cada criança dissesse uma frase sobre respeito. Depois que cada uma falou, a classe tinha sossegado. Susie então disse "Agora eu vou mostrar o vídeo, e depois quero saber o que vocês acharam e que lição aprenderam com ele."
Susie nos contou que achava que essa abordagem funcionava muito bem porque ela fazia perguntas claras para todo o grupo em vez de selecionar algum indivíduo. Coletivamente elas podiam ver que ela aceitava as opiniões sem tentar mudá-las ou se defender, e após uma discussão, o ânimo da classe podia evoluir de maneira mutuamente respeitosa.
4. OUVIR
Como terapeuta da fala e da linguagem, Wendy Sullivan muitas vezes trabalha com estudantes cuja dificuldade com a fala é composta também por dificuldade em acompanhar o que está sendo falado. A deficiente habilidade da audição deles torna difícil eles entenderem ou lembrarem dos detalhes, especialmente durante as aulas ou apresentações. No passado, ela ensinava regras para uma boa audição. Agora ela elicia as metáforas deles sobre como se parece uma audição ruim e uma audição boa.
Um estudante "entra para seu mundinho" quando não está ouvindo, e "mantém o ouvido e olho no professor" quando concentrado. Ela ajudava o estudante explorar a estrutura das metáforas – como eles entravam nos seus mundinhos, como eles saíam, e o que precisava acontecer para eles manterem mais o olho e o ouvido no professor.
Wendy diz que logo que os estudantes identificam a maneira como funciona a metáfora deles para ouvir, eles podem monitorar e guiar o próprio comportamento com mais facilidade do que quando tentavam seguir conscientemente os critérios estabelecidos.
5. SOM EM MOVIMENTO
Christoffer de Graal realiza seminários de Som em Movimento para pessoas com severas incapacidades físicas ou de aprendizagem. Alguns participantes são descritos como autistas pela equipe de apoio ou como não tendo desenvolvido compreensão da linguagem. Isso não inibe Christoffer. "Já me disseram inúmeras vezes que eles não entendem as minhas perguntas, porém eles respondem, e eu utilizo a reação deles - qualquer que seja." Ele e os participantes tocam uma variedade de instrumentos musicais "para habilitá-los a conseguir uma maior percepção de como podem se expressar e para criar um diálogo entre movimento e som, e som e movimento".
Ele começa o seminário perguntando para cada participante "Quais movimentos ou sons você tem hoje?" Então ele utiliza a Linguagem Clara para capacitá-lo a estabelecer uma conexão com o comportamento não verbal do participante. Como resultado, os participantes criam maneiras novas e agradáveis de se expressarem não verbalmente.
Uma amostra dos comentários das equipes obtidas nos relatos pós seminário são: "Isso realmente fez aparecer a personalidade das pessoas"; "Eu vi desenvolvimento, as pessoas têm mais disposição para tomar parte e fazer sua própria contribuição"; e "Você pode colocar limitações nas pessoas, mas isso arrebenta os limites como água num chafariz". Christoffer diz: "A Linguagem Clara cria um recipiente que é respeitoso e me encoraja a ter uma atitude de curiosidade, aceitação e admiração".
Conclusão
A Modelagem Simbólica usa a Linguagem Clara para habilitar as pessoas a explorarem o campo simbólico das suas experiências. Apesar do livro Metaphors in Mind retirar os seus exemplos principalmente da psicoterapia, eles têm uma ampla aplicabilidade porque a metáfora é um processo universal pelo qual nós criamos significado, expandimos o conhecimento e nos comunicamos conosco e com os outros. A metáfora é tão fundamental, difundida e embutida no pensamento, na palavra e na ação que a maior parte dela permanece fora da consciência. Quando nos tornamos conscientes de como a metáfora define a nossa experiência, nós abrimos a possibilidade de uma alteração significativa na maneira como percebemos a nós e ao mundo. Em lugar nenhum isso é mais importante do que no campo da educação.
James Lawley e Penny Tompkins são Trainers de PNL Certificados e Psicoterapeutas registrados na Grã Bretanha. Eles são os coautores de "Metaphors in Mind: Transformation through Symbolic Modelling".
O artigo original em inglês "Symbolic Modelling in Education" encontra-se no site Clean Language
Tradução JVF, direitos da tradução reservados.