Momentos Mágicos

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dom, 25/01/2004

Dando uma Mão através da PNL

Muitos de nós já tivemos a experiência de receber um impacto direto da PNL. Contudo, especialmente maravilhosos são aqueles momentos em que uma reação ou uma intervenção simplesmente "dão o clique" e a mudança simplesmente acontece num piscar de olhos. Esse sentimento é quase como fazer um solo de guitarra numa sessão superlotada, onde o tempo parece estar suspenso ou até mesmo desaparecer, a banda em perfeita sintonia, os dedos movendo-se como seda e tocando a corda certa no momento certo, fazendo com que a música eletrifique o ar. E a gente sentindo que os ouvintes estão emocionados.

Eu tenho a impressão de que isso acontece mais frequentemente quando deixamos a coisa fluir e confiamos no inconsciente.

Essa foi minha experiência na primeira vez em que fui "impactado" pela PNL". Embora este artigo não traga nada de radicalmente novo, eu acho que pode servir como um lembrete útil. De como isso tudo pode ser elegante quando usamos um acontecimento e encontramos a diferença que faz a diferença. Mas, sobretudo, a alegria de oferecer isso a outros.

Talvez eu tenha tido sorte. Ou, talvez, esta nossa tecnologia cognitiva seja realmente poderosa. Podemos escolher.

De qualquer modo, vou contar minha história. Há alguns anos, um parente próximo perdeu sua esposa de mais de 30 anos de casamento. Ela fora hospitalizada por diversas vezes durante seus últimos seis meses, e naquele último mês ela estivera realmente sofrendo. A doença atacara seus pulmões tornando-os terrivelmente enrijecidos e sua respiração ficara cada vez mais curta. A cirurgia que teve de enfrentar de nada ajudou. Uma semana após a operação, morreu. Como se pode imaginar, isso deixou seu marido com um trauma severo. Em resumo, ele ficou totalmente paralisado, incapaz de continuar sua vida.

Aproximadamente oito meses depois do acontecido, eu fui visitá-lo numa noite. A casa estava completamente escura, e eu o encontrei sentado em sua cadeira, com uma bebida na mão, vendo TV. Essa era a maneira como ele passava as tardes, após retornar do trabalho. Ninguém com quem falar. Ele não estava mesmo acostumado a expressar seus pensamentos e sentimentos livremente. Não tinha coragem de sair e encontrar outras pessoas. Não tinha motivação para fazer coisa alguma. Se você tiver uma ideia do que significa "petrificado", é assim que ele estava.

E, então, começamos a conversar. Sobre isso e aquilo. Depois de algum tempo, a conversa voltou-se para seu estado atual e como ele estava passando. Ele admitiu que estava lutando. Depois, comentou: "Simplesmente, não posso tirar aquela última semana de minha mente!"

"Agora estamos conversando, pensei comigo mesmo, e respondi: "A-han". Sabendo perfeitamente que essa não era uma das distinções de metamodelo. Mas estávamos na direção certa.

"Especialmente aquela última noite permanece diante de mim, e parece que não posso tirá-la de meu caminho!"

Estas foram literalmente suas palavras, e ao mesmo tempo ele fez o gesto de levar os braços à sua frente.

"Você de fato vê uma figura aí"?

Ele disse: "sim", um pouco surpreso por pensar naquilo dessa maneira.

De repente, dei-me conta do fato de que aquele homem não estava fazendo uso de qualquer técnica psicológica e eu sabia, também, que ele estava pensando a respeito de minhas explorações neste campo. Portanto, decidi tentar, e usar a arte de ser vago, como se diz.

"Você sabe, às vezes a gente pode "agarrar" essa figura e colocá-la de lado. E podemos mantê-la aí, sem esquecê-la, porque podemos colocá-la à nossa frente sempre que quisermos olhar para ela. E, depois, podemos afastá-la novamente," eu disse em tom casual.

"OK... bem, sim, posso tentar isso", disse ele, sem muito entusiasmo na voz. Velho teimoso. Quanto a mim, eu já estava em pé e pronto para sair. Nada mais aconteceu. Pelo menos, isso foi o que pensei quando fechei a porta atrás de mim.

Uma semana mais tarde, ele apareceu na minha casa. E parecia diferente!

"Eu fiz o que você sugeriu", disse ele. "De repente, parece que todo aquele fardo foi tirado de cima de mim".

Ele veio para dizer-me que o trauma havia desaparecido. Exatamente assim. Ele simplesmente teve que tentar por si mesmo. Desde então, ele tem me agradecido muitas vezes pelo que sugeri. Porque toda a sua vida mudou a partir do momento em que ele empurrou a figura para a sua esquerda. Ele começou a sair e encontrar outras pessoas, contatou velhos amigos, e recomeçou a viver, em seus sessenta anos. Ligou-se a um coral e encheu seus dias de atividades. Até mesmo, começou a marcar encontros com senhoras, não sem dificuldade, pois precisou reaprender a fazer isso. A socializar-se. Contou-me tudo a respeito. Os tempos haviam mudado, e fazia quase 40 anos que ele não andava pela cidade!

Como acontece em muitas histórias, ele logo encontrou uma mulher com quem passou a conviver, e agora está gozando a vida mais do que antes. E, vejam só, não lhe dei nenhuma outra "dica" de PNL. A movimentação da figura foi tudo.

Porque aqui é que está a mágica. De repente, ele sentiu-se responsável por sua própria mente. O resto pareceu fácil. A parte engraçada é que agora ele está ensinando a outras pessoas como colocar as coisas de lado. Eu sei que ele não perde nenhuma oportunidade de dar sua "dica" de PNL. O quanto isso pode ser eficaz e ecológico, nós podemos imaginar. Como John C. Fogerty (Credence Clearwater Revival) falou sobre tocar guitarra: "As mudanças são uma coisa, mas é a compreensão daquilo que serve para determinada situação que realmente separa os homens dos meninos."

As pessoas podem generalizar facilmente. Trata-se de como fazer o próprio cérebro funcionar. Muitas pessoas nem sequer suspeitam desta possibilidade, e isso é algo que nós, que nos dedicamos à PNL, devemos aspirar. O sentimento de poder que a gente sente quando descobre que somos capazes de controlar nossa própria experiência interna é inestimável. Há algo mais sobre a atitude desse homem. Há algo sobre oferecer aos outros aquilo que a gente sabe. E há algo sobre a alegria pura e honesta de ajudar os outros. Ou seja, "PNLar" os outros, como costumo dizer.

A PNL obteve uma má reputação em alguns lugares. Mas a PNL não necessita de reputação. Em minha opinião, é porque falhamos em fazer a coisa mais importante e crítica para atingir os outros: entrar no ritmo da realidade deles. E este é o meu ponto. Uma maneira de estabelecer a PNL no "mundo real" é oferecer às pessoas uma mão através da PNL, nas conversas do dia-a-dia, como também em situações mais públicas.

Eu não acredito que esse homem esteja consciente do fato de que eu recebi um presente naquela noite. Ajudar as pessoas dessa maneira é a melhor coisa que pode acontecer. Bem, quase.

E eu também acho que isso não acontece todos os dias, i.e., colocar um ser humano numa direção completamente diferente, através de um simples ajuste em uma única submodalidade. Mas como se diz, as mudanças acontecem.

Publicado na Anchor Point, fevereiro de 2000.
Publicado no Golfinho Impresso nº63 - ABR/2000
Trad.: Hélia Cadore.

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