Escrito por:
Publicado em:
Antigamente, poucas eram as pessoas que falavam com frequência para muitas audiências e eram reverenciadas pela sua capacidade de oratória. Professores na universidade, clérigos nos cultos dominicais e professores catedráticos, todos ocupavam o seu lugar no púlpito e falavam para uma audiência cativa. Para os meros mortais, a simples ideia de estar diante de uma audiência era algo impensável. A arte de falar em público, a retórica inteligente e a construção de uma obra de arte verbal tornaram-se fora do alcance e, portanto, algo a ser temido. A alegria de falar tornou-se um medo. O medo do ridículo, da inépcia e do embaraço.
Com o tempo, várias coisas começaram a mudar isso. As organizações começaram a usar o PowerPoint (muito mal na maioria dos casos) e a perceber que você teria condições para aprender de outro funcionário se pedissem para ele 'apresentar' algo, e que esse conhecimento poderia ser compartilhado com grupos não só de acadêmicos, mas também de pessoas comuns. Se essa não foi uma razão bastante convincente para a ressurreição da arte, foi o frenesi da mídia resultante dos discursos de Barack Obama que acendeu o interesse naquilo que se originou há bem mais de 2000 anos atrás. Aristóteles não foi apenas um grande orador, mas um dos fundadores do discurso persuasivo.
Tudo isso pode colocar o falar em público no contexto, mas o que pode ser feito para muitas pessoas para quem o pensamento de se levantar e fazer um discurso é o medo número um? Esse artigo começa abordando os medos e as ansiedades que impedem as pessoas de desfrutar de uma atividade natural e maravilhosa.
Para o propósito desse artigo, vamos considerar quatro aspectos principais:
- Preparação física;
- Primeira impressão;
- Preparação mental;
- Preparação do conteúdo.
Quando eu treino grupos de potenciais oradores, identificamos uma lista de seus medos. Isso inclui se sentir doente, sudorese, boca seca, frio na barriga, esquecer o seu discurso, tropeçar nas palavras, coração batendo muito rápido, falta de ar e o medo de que a audiência que está na frente dele não goste ou adormeça! Reconhece alguma dessas sensações? Então, para começar eu considero os grandes cantores de ópera, atores, palestrantes e atletas como atendentes do meu curso. O que eles fazem que os meus candidatos não fazem? A resposta está no que considerar nos últimos cinco minutos que antecedem o evento. Pavarotti costumava aquecer a voz e fazer exercícios de respiração. Os atletas alongam os músculos que estão prestes a usar, visualizam seu sucesso e respiram profundamente. Quando consideramos o que o orador inexperiente faz, surge um quadro interessante. Os atendentes do meu curso estão sempre com pressa, impulsionados pelo pânico, arrumando um lugar para ficar, lendo mais uma vez as suas anotações e geralmente fazendo tudo menos uma atividade útil.
A lição um então é óbvia. Se os oradores e intérpretes de alto nível precisam se preparar, então a necessidade dos demais mortais fazerem isso é primordial. Uma simples rotina de aquecimento para se colocar em uma "condição adequada para falar" o ajudará a controlar os nervos, reduzir a ansiedade e, portanto, aumentar a confiança.
Reserve alguns minutos antes de você precisar falar. De preferência encontre algum lugar tranquilo e concentre-se no seu relaxamento. Respire lentamente, prenda a respiração e permita-se expirar lentamente. Pratique isso até você se acostumar a estabelecer rapidamente a respiração normal. Suavemente alongue ou tensione todos os principais grupos musculares da cabeça aos pés. Suavemente, mas com firmeza. Um fisioterapeuta diria que a maneira mais rápida para relaxar um músculo é tensionar ou alongá-lo. Você pode até mesmo estar acostumado com isso de outros esportes, da ioga ou de outras atividades. Faça isso, mantendo a frequência da respiração fácil e suave. Não deixe os últimos cinco minutos ficarem frenéticos. Em vez disso, concentre-se em garantir que você esteja se acalmando. As suas anotações estão prontas, então você deve se preparar. Se você estiver correndo para o local ainda fazendo anotações quando faltam apenas cinco minutos, então você deve estar se sentindo estressado. Aprenda a reservar um tempo para essa importante parte da rotina do orador. Use, se precisar, a necessidade de uma visita ao banheiro, mas gaste 5 minutos se preparando – tudo será recompensado.
Chega o momento e você é chamado para falar. As pessoas confundem começar a falar com começar a dar aquela primeira impressão. Você pode facilmente ganhar ou perder uma audiência antes mesmo de dizer a sua primeira palavra. Imagine que você está em uma sala com outras 25 pessoas esperando a minha chegada para dar uma palestra sobre como falar em público. Eu chego um pouco desgrenhado, talvez com a camisa parcialmente aberta, e subo para o palco, mãos no bolso, olhos no chão, considerando as minhas palavras iniciais. No local designado, fico de pé com o peso em uma das pernas, olho para a platéia e começo a falar. Vamos parar aí. Se isso fosse uma situação real, não seria irracional que a primeira impressão do público fosse ruim. Comecei pela retaguarda, já tendo perdido qualquer vantagem que pudesse ter anteriormente.
Substitua esse começo por uma caminhada confiante para o púlpito, arrumado e de aparência apropriada para o local. Eu geralmente paro, por um momento, olhando para a audiência e então, sorrindo, começo a falar. Até agora, nenhuma palavra e estou me saindo muito bem. Por mais nervoso que você esteja, caminhe com confiança, o peso do corpo bem distribuído e dê a impressão de que para você, falar é um prazer imenso. Você adquire esse prazer com o tempo, e é claro, isso sempre dará uma imagem muito diferente para os membros da audiência.
Se eu então comparar algumas palavras incoerentes e tropeços, com uma forte voz clara e uma saudação adequada para o público você poderá ver por si mesmo como é fácil causar uma boa impressão mesmo antes de apresentar o seu conteúdo. Nada disso é ciência aeroespacial, é claro, mas técnicas básicas e fáceis que ajudam você a se ajudar. Lembra quando aprendeu a dirigir? Conseguir que a embreagem, os freios, a direção e o acelerador funcionassem perfeitamente foi um problema que parecia intransponível. Contudo com a prática e uma rotina definida, de repente tudo se encaixou.
Nós já olhamos para a preparação física, e agora vamos tratar da sua preparação mental – para isso eu quero visitar o mundo da hipnose e da PNL. A Programação Neurolinguística (PNL) é o estudo da comunicação, padrões de pensamento e palavras. Bem, essa é uma definição vaga, mas deixe-me oferecer essa por enquanto. Imagine duas pessoas, igualmente qualificadas e experientes, esperando para serem entrevistadas para o mesmo trabalho. Uma pessoa está querendo saber onde será a sua mesa, como serão os seus novos colegas. A outra está pensando que ela não conseguirá o emprego, o outro candidato parece mais profissional e, de qualquer forma, as perguntas da entrevista serão muito difíceis.
Não é difícil ver quem conseguirá o emprego, todas as coisas sendo iguais. Todos nós sofremos do que eu chamo de PNAs. Pensamentos negativos automáticos. Acredite que a sua apresentação vai dar errado, que o público não vai entender o material, que você vai gaguejar e esquecer as palavras e você começa a estabelecer um estado de espírito que só vai se comprovar correto. Sentado com calma, pensando na oportunidade de ouro que terá para impressionar a audiência, demonstrar seu conhecimento e desfrutar ao transmitir essas informações, será uma abordagem muito mais eficaz. A Henry Ford é atribuído dizendo: "Se você acha que pode, ou acha que não pode, você está absolutamente correto." Você precisa acreditar em si mesmo, sua capacidade e trabalhar para esse resultado positivo. Lembre-se do atleta. Não só se preparando fisicamente, mas também visualizando o sucesso. Haverá ocasiões em que algo não sai perfeito, mas e daí! Adapte, corrija, siga em frente e esqueça. A audiência não veio para vê-lo falhar, mas ouvi-lo e receber uma apresentação positiva.
Você não precisa atribuir a si mesmo uma opinião arrogante e perfeccionista – apenas confiança suficiente para saber que você pode falar, pode apresentar e pode gostar de fazer assim. Confiante, tranquilo, bem apresentado, estilo simples – já percebeu a abordagem do Obama para falar? Não é sobre toda preparação do conteúdo. Em um ambiente social, você pode não saber o rumo que a conversa vai tomar. Entretanto, você não para e pede que as pessoas esperem enquanto você pensa e prepara uma resposta. Você segue o fluxo, dentro do conhecimento e do 'conteúdo' que você já tem. Não subestime a sua capacidade para aproveitar os conhecimentos e habilidades que você tem.
Acredite em você mesmo, nas suas habilidades e seus pontos fortes e que cada vez você possa tomar como base o passado, e rapidamente perceber que está desenvolvendo habilidades e afastando preocupações e ansiedades.
É claro que a preparação física e mental e a primeira impressão só o levarão até aqui. Você precisa ter algum conteúdo apropriado. Deixe-me sugerir que você considere três palavras curtas: por que, quem e o que.
'Por que' é a pergunta que você deve se fazer em relação ao porque você está se levantando para falar? Qual é o objetivo, o propósito de falar. Talvez seja para educar, informar, instruir, vender ou algum outro motivo. Mas saber porque você está falando ajuda a formular uma estrutura clara.
'Quem' se relaciona à audiência. Quem são eles, em que nível de compreensão estão e talvez quem toma as decisões. Uma conversa que é muito simples em uma sala de especialistas é tão pobre quanto uma palestra de especialista em uma sala de iniciantes. Nenhum dos dois vai receber muito do conteúdo. Apresente o seu conteúdo para satisfazer a audiência. Se você não tiver certeza, tente descobrir, avalie as perguntas ou pergunte diretamente às pessoas. A interação com o seu público é uma coisa boa.
Finalmente, considere 'o que'. Certifique-se de que você saiba o que deseja que o seu público ouça. Isso é diferente daquilo que você quer dizer! O 'o que' se relaciona com os pontos chave. É importante que os pontos chave sejam claros, inequívocos e relevantes. No final da sua apresentação, o público deve ser capaz de saber o que é que eles ouviram. Eles não deveriam estar se perguntando porque se incomodaram em passar por isso, mas, em vez disso, ter os elementos chave claros.
Você está pronto para falar fisica e mentalmente. Preparou o seu conteúdo e ele flui em uma ordem lógica. O mundo é perfeito? Bem, não é bem assim. Existem outras questões a serem consideradas. O uso e abuso do PowerPoint e outros recursos visuais. Há sempre a possibilidade de uma pessoa desajeitada, uma pergunta difícil, um desastre repentino ou um evento inesperado. Você nunca poderá planejar todas as possibilidades e agradecer aos astros por isso. Pequenos contratempos aqui e ali é o que torna a vida interessante, dão a chance de demonstrar confiança e manter apenas uma pequena vantagem em cada apresentação.
Algumas regras de ouro que ajudam você a lidar com qualquer situação
- Seja honesto! As pessoas sabem que as coisas podem dar errado – nunca enrole ou blefe. Seja honesto e ganhe respeito;
- Nunca dispute. Você mantém o foco. Pare se celulares, conversas ou outros eventos começarem a distrair você ou a audiência;
- Esteja no controle. As pessoas se sentem "seguras" quando o apresentador está no controle. Isso significa lidar com confiança, mesmo que você não a esteja sentindo. Seja claro, positivo e deixe os outros também sentirem isso;
- Proteja a sua reputação. Muito raramente é melhor parar, ou não arriscar uma apresentação do que permitir que se ela torne o objeto de discussão pelos próximos anos. Não aceite ser pressionado para 'ajudar' se você não estiver suficientemente preparado ou bem informado. Faça as suas próprias lâminas e apresente-as do seu jeito;
- Aprecie todas às vezes. Falo sério. Aproveite todas as oportunidades de falar e ver isso apenas como uma oportunidade. É provável que tudo corra bem e, mesmo que haja momentos de incerteza, você pode aprender, apreciar e sorrir. A vida é curta demais para se preocupar indevidamente.
Espero que você tenha encontrado algo de útil nas minhas palavras e que se sinta inspirado para descobrir mais. Ficar de pé na frente de uma plateia é uma honra maravilhosa, muita diversão e algo que você pode fácil e rapidamente se tornar habilidoso em fazer. Por isso – vá falar e se divirta!
O artigo original "Overcoming Anxiety, Building Confidence in Public Speaking" encontra-se no site: http://www.positivehealth.com/articles/nlp/