Transforme seu Cérebro em uma Máquina de Prazer

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sex, 15/06/2001

Lembro de ter lido alguns anos atrás um artigo sobre psicologia no qual os psicólogos prescreviam para os seus pacientes com depressão que eles deveriam passar vinte minutos por dia olhando para cima e sorrindo. Eu achei o artigo fascinante. Naturalmente, desde o meu treinamento em PNL, eu entendi a estrutura que estava por trás desta mudança. Pela mudança da sua fisiologia e de seus acessos oculares, o modo habitual de como os clientes pensam e sentem são interrompidos, e eles se sentiam e se comportavam de modo diferente. Mas, hoje, eu venho pensando mais sobre a parte "habitual". Como alguém se sente "habitualmente" de um modo particular ? Se estes pacientes podem se sentir habitualmente deprimidos, por que não é possível se sentirem habitualmente maravilhosos ? Eu comecei a pensar sobre como eu podia usar as habilidades que tenho para construir este hábito. A resposta óbvia é a mesma. Posicione seu corpo como se você se sentisse maravilhoso, acesse memórias maravilhosas e você se sentirá maravilhoso na maior parte do tempo. Mas como fazer disto um hábito? Neste artigo, eu gostaria de oferecer algumas estratégias para usar os caminhos naturais em que os pensamentos são acessados para que se sentir bem seja um hábito.

ASSOCIAÇÃO LÓGICA

Para entender o pensamento habitual, nós necessitamos conhecer um pouco sobre como os pensamentos estão conectados na nossa mente. Um método é o da associação lógica. Você vê o seu carro na rua e lembra de que você precisa colocar gasolina. Você visualiza o posto de gasolina, lembra da rua em que ele está, e pensa na lavanderia que existe nesta rua, o que o faz recordar que o seu terno cinza precisa ser lavado. Pensando no terno, isto o leva de volta ao último seminário que você deu com esta roupa, o que traz a sua memória a linda morena sentada na segunda fila. E por aí vai. A viagem desde o carro até a morena e mais além, foi enrolada, mas faz sentido quando você pensa sobre ela sequencialmente. Cada pensamento está ligado ao outro por um elemento comum que eles partilham; algo como pegar um acesso para ir de uma estrada para outra. Se você notar que está usando a mesma estrada mental de novo e de novo, faça uso deste fato. Ancore um estado de sentimento positivo para qualquer associação utilizada frequentemente, e você terá um caminho automático para ter sentimentos mais prazerosos (como aquele que você teve pensando sobre a morena) aparecendo habitualmente na sua consciência. Se olhando para o meu carro sempre me lembro da última conta da oficina, a qual me lembra que o meu pagamento está atrasado, o qual me recorda dos meus problemas financeiros; o que eu gostaria era relembrar algumas das ótimas viagens que eu fiz naquele carro quando eu olho para ele. Reforçando a conexão entre o olhar o carro e relembrar das minhas viagens irá me ajudar a me sentir melhor mais seguido.

PESQUISA TRANSDERIVACIONAL

Outro caminho no qual os pensamentos estão conectados é pelo tônus da sensação (FEELING TONE). Ao invés de alguns elementos comuns do mesmo pensamento, estas memórias partilham do mesmo sentido de sensação (FELT SENSE). Tad James refere-se ao tônus da sensação (FEELING TONE) como o fio que mantém as pérolas juntas num colar. As pérolas não tem associação lógica ou indispensável, mas o fio une objetos que não possuem relação entre si para formar uma joia completa. Meu amigo Jim Munoa, vai mais adiante, ao afirmar que nós fomos culturalmente ensinados a manter ligados os maus pensamentos ("Vai para o teu quarto e pensa sobre o que você fez de errado." "Eu quero que você fique de pé no canto até que você possa me dizer o que você fez para levar este castigo." "Eu não acabei de falar que não era para mexer nisto? Quantas vezes eu vou ter que repetir isto?"), enquanto que nós não fomos ensinados a manter juntos os bons pensamentos ("Não seja vaidoso." "Não é educado gabar-se." "O que você fez por mim ultimamente?"). Parece que nós devemos aprender com os nossos erros e ignorar (ou ao menos reduzir) nossas vitórias. Um método que Jim ensina para contrariar este hábito cultural é usar a Pesquisa Transderivacional ou Guiada, ensinada em muitos cursos de practitioner. Peça ao seu parceiro para selecionar um bom sentimento. Pergunte a ele quando foi a última vez que ele se sentiu desta forma. Quando você enxergar que ele atingiu a plenitude do sentimento, ancore-o cinestesicamente. Então peça ao inconsciente dele que use este sentimento ancorado como um guia, e relembre uma outra vez em que ele se sentiu deste modo. Então outra vez. E depois mais uma outra vez. Quando ele conseguir outra recordação, peça ao inconsciente dele que "mantenha juntas todas estas recordações". Como elas já estão ligadas pelo tônus da sensação (FEELING TONE), ao se recordar de qualquer memória desta cadeia irá trazer junto todas as outras recordações, criando uma cadeia de boas associações. Você consegue diversos sentimentos prazerosos pelo preço de um !

ALINHAMENTO DOS NÍVEIS LÓGICOS

Outro modo pelo qual os pensamentos se tornam frequentes é através de sua profundidade ou intensidade. A maneira pela qual eu entendo isto, é que quanto mais profunda ou intensa é uma memória, mais a nossa neurologia é envolvida (mais níveis lógicos no qual o evento está guardado). Por essa razão, quando nos encontramos numa situação que dispara algumas das capacidades encontradas em uma recordação intensa, pode automaticamente reacessar a crença e identidade da estrutura associada com essas capacidades. De certo modo, por notar o que está acontecendo em cada nível lógico, a consciência por si se torna o fio que une todas aquelas pérolas em um novo e diferente colar. Qualquer terapeuta que vê regularmente seus clientes, logo descobre que a maioria deles tem a sua história favorita. Usualmente é a intensidade dos sentimentos experimentados naquela época (a quantidade de neurologia envolvida) que mantém esta história particular próximo à superfície da sua consciência. A PNL tem muitas técnicas para curar esses ferimentos antigos, e isto reduz o número dos habituais sentimentos ruins, mas isto raramente aumenta a quantidade do tempo que os clientes gastam pensando nas coisas prazerosas. Entretanto, se a profundidade do sentimento nos faz pensar em um determinado trauma muito seguido, por que não podemos aumentar a intensidade ou a profundidade de sentimentos prazerosos que também aumentariam a chance de momentaneamente nos lembrarmos e reacessarmos estes sentimentos? E, mesmo que não, não poderia ao menos garantir que esta recordação seria mais prazerosa quando acontecer de pensarmos nela? Um dos meus métodos favoritos para aprofundar um sentimento é usar um alinhamento do nível lógico modificado. Digamos que o cliente tenha pego um sentimento em particular que ele queira intensificar. Peça a ele para recordar uma das vezes em que ele se sentiu daquela maneira. Peça a ele para descrever aonde ele estava e o que ele estava fazendo quando ele se sentiu daquele modo, e ancore esta informação no espaço em volta dele. Peça a ele para dar um passo para trás, e notar que outras habilidades ele estava apto a usar naquela hora. Ancore isto no espaço em que ele está, e peça para que ele novamente dê um passo para trás. Pergunte a ele quem ele era que permitiu que ele acessasse estes sentimentos. Ancore no espaço no qual ele está de pé e peça para que ele dê, pela uma última vez, um passo para trás. Pergunte a ele sobre a conexão na alma que permitiu a ele ser quem ele era naquela situação. Quando ele tiver a percepção desta conexão, total e completamente, mande ele dar um passo à frente e assumir a percepção da conexão espiritual de volta no espaço onde "quem ele era naquela situação" está ancorada e pergunte a ele como, tendo assumido aquela conexão espiritual, isto enriquece e engrandece quem ele é. De novo um passo à frente, assumindo aquela conexão espiritual e aquele sentimento próprio que o enriqueceu dentro do espaço onde "o que ele acreditava que deu a ele estas capacidades" está ancorado e pergunte a ele como tendo aquela conexão espiritual e aquele sentido próprio enriquecido, reforça as crenças que engrandece aquele estado e permite a mudança e a evolução de outras crenças para mais adiante enriquecer aquele estado. Então com mais um passo a frente e assumindo aquela conexão espiritual, aquele sentimento próprio enriquecido, e aquelas fortalecidas e poderosas crenças para o espaço onde "o que ele era capaz naquela hora" está ancorado, e pergunte a ele como a sua capacidade expandiu e evolui por ter todos estes recursos presentes. Faça ele assumir àquela conexão espiritual, aquele sentimento próprio enriquecido, aquelas crenças poderosas fortalecidas e aquelas novas capacidades, e dê um passo a frente para o espaço no qual "aonde ele estava e o que ele estava fazendo naquela hora" está ancorado, e peça a ele como tendo todos estes novos recursos que engrandecem e enriquecem a memória do que ele fez. O resultado será a memória daquela hora quando ele se sentiu bem a qual envolve mais da sua neurologia, e portanto isto virá para a consciência mais seguido, ou pelo menos ele sentirá uma maior intensidade quando isto acontecer.

MODELO DE METAESTADOS

Existe alguns modelos teóricos disponíveis para juntar boas sensações não relacionadas, de tal modo que um está em contato com o outro (adicionando uma joia ou talismã ao nosso colar). Um deles, chamado de Modelo de MetaEstados, foi criado por L. Michael Hall. Michael, seguindo uma orientação de Bateson, notou que nós somos criaturas capazes de muitos níveis de abstração. Nós podemos, por exemplo, nos sentirmos bem (ou mal) nos sentindo bem. O Alinhamento nos Níveis Lógicos de Dilts ou a Transformação Essencial de Connirae Andreas são dois processos de PNL que usam algum estado de alto nível (a conexão espiritual no Alinhamento dos Níveis Lógicos e o estado essencial na transformação essencial) para transformar ou enriquecer os estados de nível mais baixo. Um modo simples de usar este modelo para aumentar o prazer na nossa vida é começar a cultivar sentimentos prazerosos sobre se sentir bem. A próxima vez que você se sentir bem, acesse um sentimento de gratidão sobre se sentir bem. Acesse então um sentimento de gratitude sobre o sentimento de agradecimento. Com a repetição, agradecendo e se sentindo grato irá se tornar associado com sentir-se bem, e você vai triplicar o seu prazer.

VOCABULÁRIO TRANSFORMACIONAL

Tony Robbins notou que nós tendemos a usar somente um número limitado de palavras do vocabulário para descrever as nossas vidas. Ele realizou experiências usando palavras que não faziam parte do seu típico vocabulário para substituir palavras que faziam, e descobriu que os seus sentimentos sobre eventos que ele estava descrevendo mudavam. Ele sugere usar palavras que signifiquem níveis excepcionais de sentimentos para bons acontecimentos na nossa vida e palavras que signifiquem níveis de sentimentos mais baixos para os acontecimentos ruins de nossas vidas. Por exemplo, se alguém o deixa brabo, note que você pode usar a palavra "desgostoso" ao invés de "brabo", e como isto afeta o seu estado. Ou, melhor ainda, quando alguém pergunta como você está, diga "maravilhoso" ou "excepcional" no lugar de "bem", e note como aumentam os seus bons sentimentos. Verifique as palavras que você usa habitualmente para descrever seus prazeres e mude-as para reforçá-las. Compre um dicionário de análogos e encontre muitas outras maneiras que existem para você se sentir exultante.

GRADUAÇÃO ANALÓGICA

Num artigo anterior publicado na Anchor Point ("In, Out, and In-Between", March 1997) eu mencionei o modo como Stephen Nicholas usa o processo de graduação analógica como um método de conectar dois estados ancorados sem colapsar as âncoras. Isto pode ser um processo maravilhoso para associar bons sentimentos não relacionados juntos numa rede de boas associações. Gradue analogicamente a escala entre alegria e contentamento. Adicione êxtase e faça um triângulo. Adicione felicidade e faça um quadrado (lembre da graduação em escala ao longo da diagonal), e assim por diante. As possibilidades são infinitas.

ENSINANDO SEU CÉREBRO A ESCOLHER O PRAZER

Em treinamento de practitioners, nos ensinaram uma única âncora. Comportamentalistas nos dizem que usando um gatilho que é muito comum irá nos levar à extinção da resposta (tradução - irá parar de funcionar). Mas eu achei um uso para este fenômeno. Construa um Círculo de Excelência usando algum bom sentimento (eu chamarei isso de prazer X). Compasse isto no futuro com um evento bem comum (por exemplo ligar a luz do seu quarto). Você sentirá o prazer X algumas vezes, mas em seguida a âncora irá diminuir, tendendo a zero. Construa um Círculo de Excelência diferente (desta vez para o prazer Y), e de novo, compasse para o mesmo evento (a tomada da luz). Faça isso sequencialmente com um número de sentimentos prazerosos. Depois de um certo tempo, aquela tomada de luz terá uma história emocional. Certas vezes você liga a luz e não vai sentir nada, algumas vezes sentirá prazer X, algumas vezes Y, e algumas vezes prazer Z. Algumas vezes os sentimentos serão intensos, outras vezes não. Logo o seu cérebro começa a antecipar o bom sentimento (comportamentalistas chamam isto de reforço randômico). Faça isto com um diferente número de estados de prazer e um diferente número de gatilhos, e seu cérebro irá começar a se surpreender, "Será esta a ação que me traz prazer?" (Nota: comportamentalistas nos alertam que qualquer ação reforçada randomicamente, tenderá a ser repetida mais seguido, portanto não use comida ou ligar a TV como gatilho a não ser que você queira comer mais ou ver mais TV).

CONSTRUA UM HÁBITO ALEGRE

Como faziam aqueles médicos de antigamente, deixe-me escrever-lhe uma prescrição. Tire um tempo, construa algumas conexões prazerosas e lógicas, mantenha juntos os estados prazerosos à partir de uma pesquisa guiada, aprofunde alguns bons sentimentos com o alinhamento dos níveis lógicos intensifique seu prazer transformando seu vocabulário, adicione algum metamodelo prazeroso, amarre todos juntos com a graduação analógica, e dê a fornada toda para o cérebro que procura por prazer. Naturalmente, você pode se deparar com algum trabalho corretivo que precisa ser realizado. Alguma parte de você ainda pode não sentir que você merece todo este prazer, ou você pode ter crenças limitantes sobre prazer. Mude estes limites e encarregue esta parte de dar-lhe todo o prazer que você pode suportar. E, depois, sinta-se orgulhoso de você mesmo, sinta-se grato aos seus professores, sinta-se agradecido por estar vivo, e deixe a cura ser apenas o primeiro passo para o prazer.

Publicado na Anchor Point de Setembro de 1997.
Publicado no Golfinho nº 37 Dez/1997
Tradução: JVF
Revisão: Maria Helena Lorentz

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