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O homem estava de pé junto dela - uma cerca de arame farpado densamente entrelaçado. Não havia nenhuma chance de se conseguir atravessar aquele emaranhado. O caminho à frente parecia atraente. Mas a cerca de arame farpado... Mesmo se ele conseguisse, de alguma maneira, passar pela primeira cerca, ele podia ver que havia outra além daquela. E uma outra, e mais outra. Mas ele tinha que tentar.
Talvez se ele pudesse encontrar alguém que pudesse lhe dar um alicate para cortar o arame.
Uma mulher estava no meio de uma grande arena. A sua postura indicava que ela estava preparada para uma luta, com os joelhos ligeiramente dobrados, torso inclinado para frente. E na frente dela estava um rapaz, numa postura semelhante. Os dois se encaravam. O rapaz parecia normal, exceto pelo fato de que tinha chifres no topo da cabeça. Um pequeno diabo, eu acho. A mulher também tinha chifres.
Lá estava ele, estendido no chão e com um pé sobre ele, um homem grande de botas. Literalmente. A bota direita do homem estava firmemente colocada sobre o tórax do homem deitado, segurando-o no chão. Encurralado.
Era tarde da noite e eu não estava assistindo TV. Estava sentada no meu escritório, usando o trabalho de Andy Austin sobre Metáforas do Movimento e esses eram fragmentos do que eu havia ouvido dos meus clientes. Quando perguntei a cada um: "Com o que ele se parece?" (referindo-se ao problema que ele queria resolver), era isso que eles haviam me dito.
O primeiro homem, que vamos chamar de "Dave", havia me dito que ele experimentava obstáculos inevitáveis que o impediam de seguir em frente na vida. Se ele pudesse apenas "cortar e atravessar" como ele disse, sabia que poderia ter um futuro muito bom. Quando exploramos a sua metáfora, descobriu-se que a cerca de arame farpado atravessava todo o caminho na frente dele da esquerda para a direita, mas depois terminava. Depois da cerca, era só terra plana. A mesma coisa acontecia no lado esquerdo. A cerca toda tinha apenas cerca de 2 metros de comprimento. Humm...
"Será que cortar essa cerca é realmente o que você precisa fazer aqui? Ou será que vale a pena considerar outras opções. Que tal encontrar o caminho certo para contornar essa cerca? Ou explorar o que resta para você?"
Beth, a mulher da arena, não conseguia ver como sair da sua situação difícil de lidar com uma criança consistentemente "diabólica". No entanto, quando ela realmente explorou as suas opções, algo interessante aconteceu. Perguntei-lhe: "O que acontece quando você dá um passo para a direita?" "O que acontece quando você dá um passo para a esquerda?" "De volta?" Quase que eu não pedi para ela tentar dar um passo a frente. Era provável que isso criasse mais conflitos. Mas eu perguntei. E quando ela deu um passo para frente, começou a rir. "Quando cheguei mais perto, tudo me pareceu muito bobo. Estávamos tapando o sol com uma peneira. Eu me senti mais perto dele, e só queria abraçá-lo. Eu não pensei que me sentiria assim." Pela primeira vez, ela parecia relaxada e à vontade.
Para o homem deitado no chão, eu podia simplesmente descrever o que estava claro na cena em si: "Então você aguentou a pressão deitado. Parece que você precisa remover algo do seu peito antes que realmente possa se levantar por si mesmo nessa situação."
Esses são alguns olhares rápidos a respeito do trabalho sobre Metáforas do Movimento. Eu podia falar acerca dos muitos cenários dos meus clientes e também dos meus. Cada cenário é único: cada pessoa é única, cada metáfora é única e o que dá certo é único.
A descrição acima pode soar como interpretação de sonhos. Embora haja algumas similaridades, existem diferenças importantes. O que é agradável sobre o trabalho da Metáforas do Movimento é que eu não preciso interpretar nada. Não preciso criar nenhum significado. Na verdade, eu desencorajo os meus clientes se eles começam a fazer isso. Elaborar significados para as coisas tende a interromper o trabalho antes dele realmente começar. O que funciona é observar a cena literal, não interpretá-la. Ao fazer um feedback da cena, muitas vezes em expressões idiomáticas (uma das estratégias que aprendemos com Andy Austin), a pessoa muitas vezes tem um "ahha" e o reconhecimento de como essa "é a minha vida." Mas não é um conhecimento mental ou conceitual. É mais um reconhecimento visceral - algo que acontece em uma parte diferente do cérebro.
Do ponto de vista do cliente, ao realmente reconhecer "onde eu estou" nesse caminho, torna-se possível descobrir as minhas opções. Através de metáforas, nós somos capazes de nos conectar com uma experiência integral da situação - e o conhecimento sobre "como as coisas são" vem através do que está além da sabedoria da minha mente consciente.
Posso estar tentando seguir em frente, porém isso pode funcionar melhor se eu considerar dar um giro. Talvez eu necessite retirar algo do meu peito. Talvez se eu aproximar mais - ou mais longe, outras coisas vão mudar. Quando eu delinear uma metáfora com alguém, nem eu nem ele realmente sabemos com antecedência o que vai funcionar. É uma exploração conjunta. A única maneira de saber é experimentá-la e perceber.
Esses são apenas três olhares rápidos acerca do trabalho Metáforas de Movimento, desenvolvido por Andrew Austin.
O artigo "How Our Metaphors Reveal Creative Solutions" encontra-se no site NLP Comprehensive.
Tradução JVF, direitos da tradução reservados.